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Em noite de protesto, sem-teto passam frio, mas têm internet
DE SÃO PAULONa fachada da Câmara, o brasão da cidade em que se lê "non ducor duco" ("não sou conduzido, conduzo", em latim) estava tapado ontem (25/6) pela bandeira vermelha do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
E, apesar da irritação de vereadores com a pressão pela votação do Plano Diretor e transformação de um terreno invadido na zona leste em área para moradia social, os mais de cem sem-teto não pretendiam deixar o acampamento iniciado no dia anterior.
Com o viaduto Jacareí interditado, a frente do prédio foi tomada por barracas de saco de lixo. Cozinhas e banheiro foram improvisados.
A cozinheira Rose da Silva, 43, armou a rede entre duas árvores e passou a noite ali. "Não saio até eles votarem."
Quem dormiu lá dentro se queixou do ar condicionado.
"Não deixaram entrar com o cobertor e ligaram o ar no máximo", disse o Gilson Pinheiro, 46. Em compensação, a senha para usar internet foi liberada e um vereador pagou sanduíche e refrigerante.
A auxiliar de cozinha Maria da Conceição Faustino, 59, conseguiu permissão para faltar ao trabalho para protestar. "Preciso parar de pagar metade do meu salário [R$ 800] de aluguel."