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Botão de pedestre não funciona em São Paulo

Em teste, semáforo chega a levar 7 minutos para liberar travessia de rua

CET garante que ciclo máximo é de 200 segundos; especialistas afirmam que sistema não funciona bem

TATIANA BABADOBULOS DE SÃO PAULO

Depois de apertar duas vezes o botão antes de atravessar a avenida Nazaré na esquina da avenida Dr. Gentil de Moura, no Ipiranga (zona sul), a engenheira Laura Nascimento, 27, desistiu de esperar e seguiu no vermelho, desviando de carros e ônibus.

Laura poderia apertar o botão quantas vezes quisesse, mas nenhuma delas faria o semáforo mudar o tempo de espera pelo verde. No local, entre um verde e outro, a espera chega a ser de cinco minutos, conforme medido pela reportagem.

A Folha esteve em outros 35 cruzamentos em todas as regiões da cidade para identificar os locais onde o verde do semáforo é acionado com o botão. Em apenas nove deles a botoeira fez diferença.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), "os maiores ciclos usados na cidade estão na casa dos 200 segundos", ou seja, três minutos e 20 segundos. Mas a reportagem não encontrou apenas um com mais tempo do que esse.

Durante sete minutos, o semáforo de pedestre na rua Cardeal Arcoverde, na esquina com a avenida Dr. Arnaldo (zona oeste), simplesmente não mudou para o verde, mesmo com os pedestres apertando o botão.

Ao todo, segundo a CET, a cidade de São Paulo possui hoje 5.717 cruzamentos semaforizados. Desses, 3.253 têm semáforos para pedestres, sendo 2.502 com botão.

"O fato de apertar a botoeira não determina a abertura imediata do semáforo para os pedestres. É necessário que o sistema complete o tempo programado para que, então, tenha início o estágio de travessia do pedestre", informa a CET. Na prática, independentemente do acionamento, o tempo de espera é o mesmo, em muitas ocasiões.

A companhia informa que "há casos em que o estágio para travessia de pedestres ocorre independentemente do acionamento da botoeira."

Segundo Sergio Ejzenberg, mestre em transportes pela Escola Politécnica da USP, o pedestre aguenta esperar até um minuto para atravessar.

"Há risco de atropelamentos, pois as pessoas não esperam. À tarde, há duas vezes mais atropelamentos do que de manhã. O que muda é a visibilidade", completa. "Onde a CET iluminou, os atropelamentos caíram 44%", diz.

Para ele, o mau funcionamento dos botões quer dizer que o semáforo está com defeito. "A relação do pedestre com a botoeira não é boa, pois ela é burra, não diz o que vai fazer. O mínimo seria ela acender uma luz, como o botão de elevador", compara.

O consultor em transporte Flamínio Fichmann diz que o sistema de botoeira foi criado no fim da década de 1970, principalmente para semáforo de pedestre no meio da quadra. "Sou favorável, mas a sinalização não pode enganar o pedestre."

Em Nova York, os botões dos semáforos para pedestres são conhecidos como placebos, pois pressioná-los não vai adiantar. A justificativa é que sempre há pessoas querendo atravessar.

Em Londres, há locais em que o botão funciona (meio de quadra); em outros (cruzamentos), não.


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