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Cesárea sem urgência pode trazer riscos à mãe e ao bebê
Segundo obstetra, 12% dos nascidos por cesariana eletiva passam por UTI
Cirurgia só é indicada após 39 semanas de gravidez; risco para a mãe é de hemorragia e infecções, diz médico
Agendar um parto por conveniência de data, por signo ou por motivo que não seja médico pode ser arriscado tanto para a mãe como para o bebê, dizem especialistas.
Segundo a obstetra Andrea Campos, um dos principais problemas de antecipar o nascimento do bebê sem recomendação do médico é a falta de sinais de maturidade pulmonar do bebê, que costumam desencadear o trabalho de parto.
De acordo com a obstetra, a idade da gestação se baseia na ultrassonografia, que pode errar a contagem das semanas para mais ou menos.
"Há uma margem de erro de sete dias para o ultrassom realizado no início da gravidez, e essa margem vai aumentando no decorrer da gravidez, podendo chegar a quatro semanas nos ultrassons do fim da gestação", diz. Isso significa que nem sempre um bebê que estaria entre 37ª e 42ª semana de gestação está pronto para nascer.
Com isso, aumenta o risco de o bebê sofrer desconforto respiratório no parto e precisar ser internado em uma UTI neonatal. "Também existe maior taxa de mortalidade neonatal e maior risco de obesidade e de doenças alérgicas na vida adulta", diz Campos.
Segundo o obstetra Renato Kalil, a cesariana deve ser indicada somente após 39 semanas de gravidez, em casos de risco à mãe e à criança.
De acordo com Kalil, 12% dos bebês que nascem em cesáreas eletivas (sem urgência) passam pela UTI --em parto normal, o índice é de 3%."Esse bebê não foi preparado para o parto", afirma.
"Não é raro ele ter um acúmulo de líquido pulmonar. E isso leva a uma pneumonia no berçário."
RISCO À MULHER
Para a mãe, de acordo com os especialistas, a cesárea sem necessidade pode desencadear hemorragias e dificultar uma segunda gestação, entre outros problemas, como infecção e até morte.
"A mulher corre riscos porque o útero não está pronto. Quanto mais a gestação evolui para o fim, o segmento uterino afina", diz Kalil. Quanto antes se opera, esse segmento está grosso, e há muito mais chances de uma hemorragia."
No entanto, Campos afirma que é comum médicos atenderem pedidos de suas pacientes para marcar o parto, apesar de a Figo (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) considerar que a prática é antiética e traz riscos à saúde da mãe e da criança.