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Rio fecha maior lixão da América Latina

Resíduos despejados em Gramacho passarão por reciclagem antes de serem levados a central de tratamento

Catadores fizeram abraço simbólico ao local; ministra reitera meta de acabar com lixões do país até 2014

MÁRCIO MENASCE
DO RIO

Instalado há 34 anos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o aterro sanitário de Gramacho foi fechado oficialmente ontem.

O maior lixão da América Latina recebia cerca de 9.500 toneladas de lixo por dia provenientes do Rio, Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Queimados e Mesquita.

Ontem, em ato simbólico, foi despejado o último caminhão de lixo no aterro. O prefeito carioca, Eduardo Paes (PMDB), e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, subiram em um trator para cobrir os resíduos com terra.

A catadora de lixo Roberta Alves aproveitou para enterrar a roupa que usava para trabalhar no lixão. "Para mim, acabou a exploração e o sofrimento", afirmou.

Catadores credenciados pela Associação de Catadores do Aterro Metropolitano de Gramacho fizeram um abraço simbólico ao lixão.

A ministra Teixeira reafirmou que a meta, estabelecida na Política de Resíduos Sólidos de 2010, é fechar todos os lixões do país até 2014.

Segundo ela, o aterro de Gramacho foi uma mancha para o Rio na conferência ambiental Eco-92. "O fechamento do aterro e a construção do novo [em Seropédica, região metropolitana] respondem às prioridades para [evitar] a mudança do clima. Não há mais nada que vá apequenar a participação da cidade na Rio+20", disse ela, referindo-se à conferência sobre desenvolvimento sustentável que começa no próximo dia 13.

A Prefeitura do Rio deve gastar cerca de R$ 2 bilhões nos próximos 15 anos para tratar os resíduos que até ontem eram despejados em Gramacho. No lugar do lixão, será instalada uma usina de biogás, gerida pela concessionária Novo Gramacho, que captará o gás metano gerado pela decomposição do lixo.

O metano será vendido para a Refinaria Duque de Caxias, da Petrobras, e deve render R$ 1,5 milhão/ano durante os 15 anos da concessão.

O lixo do Rio passa a ser levado para estações de triagem, onde será retirado o material reciclável. A sobra vai para a Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica, inaugurada em abril.

Com o fim do aterro, cerca de 1.700 pessoas que viviam da venda do lixo perderam a fonte de renda. Conforme Paes, todas foram indenizadas em cerca de R$ 14.000 cada.

Na quinta-feira, houve tumulto durante a distribuição dos cartões da Caixa, onde a indenização foi depositada. Os trabalhadores reclamavam do tempo de espera na fila para pegar os cartões. Um policial chegou a apontar uma arma para o alto.

O secretário municipal de Ambiente de Caxias, Samuel Maia, afirmou que parte dos catadores de Gramacho poderá trabalhar com reciclagem no polo do município.

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