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Ilustrada - em cima da hora
SPFW gera imagens do Brasil para exportação
Temas foram de malandro carioca à crise de segurança
João Pimenta, que desfilou ontem coleção masculina, revisita em chave de caricatura vestuário dos anos 30
Qual é o grande foco dos desfiles apresentados nos dois primeiros dias desta edição outono-inverno 2013 da São Paulo Fashion Week?
O "Brasil para exportação" talvez desse conta de explicar o que está rolando nas passarelas, cujo destaque de ontem foi o desfile de João Pimenta, que resgatou a figura do malandro carioca.
O linho branco, clássico da malandragem, virou amarelado, quase encardido, porque o tempo original do malandro de João, versão dos anos 1930, passou, e a roupa amarelou.
Mas, se João ressuscita o malandro agora, é porque ele persiste como tipo brasileiro. E, como todo tipo, tem um tanto de estereótipo que se confunde com um tanto de verdade. O estilista acerta ao assumir a caricatura: seus moços têm até um bigodinho.
De camisa listrada ou terno engomado, eles caminham para o futuro da moda brasileira. Sim, porque a caricatura é didática para apresentar a moda local para um mundo cada vez mais interessado no potencial comercial do Brasil. E como outras grifes, de diferentes perfis, pensaram o Brasil?
A Osklen exporta a nova dinastia "jet-setter" de Ipanema. Ronaldo Fraga, a arte popular. Lino Villaventura o lado fantasmagórico do "tropical-exótico".
A Triton mostrou um exército camuflado de belas plantas e flores.
Shapes duros faziam par com mensagens fofas.
Talvez como as pessoas escondidas em suas casas-prisão com jardins. Talvez para mostrar a fragilidade da ideia de que militarização e muros são garantia de segurança. Coleção inteligente, da novata e talentosa Karen Fuke.
O fetiche militar volta na Ellus, com coleção inspirada na polícia.
Realidade local: militarização da cidade, onda de assassinatos de policiais.
É uma imagem nada turística, mas que faz parte do imaginário do mundo sobre o Brasil. Interessante e polêmico notar que a estética da coleção seja uma espécie de sexy-totalitário.
O discurso da imagem de moda se firma como uma das grandes traduções do Brasil e suas contradições. Quando lido com atenção, pode ser altamente revelador.
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