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Morte de servente por PM é 'intolerável', diz Alckmin
Paulo Nascimento levou tiro de policial militar quando já estava dominado
Ação foi registrada por cinegrafista amador; governador afirma não haver tolerância a abusos
Fabio Braga/Folhapress | ||
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (esq.), e o governador de SP, Geraldo Alckmin |
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), classificou ontem de "intolerável" a morte do servente Paulo Batista Nascimento, 25, no último sábado. Ele foi morto por um PM quando estava dominado, na região do Campo Limpo (zona sul).
"Nós tivemos um caso de execução de um preso por parte de um policial militar, e isso é intolerável. A Polícia Militar já prendeu toda a equipe [cinco policiais], poucas horas depois da descoberta do fato", disse ele, que prometeu uma punição severa aos responsáveis.
Nascimento foi detido por policiais militares em uma casa, suspeito de ter participado de uma troca de tiros com PMs momentos antes.
Ao ser colocado no compartimento para presos de um carro de polícia, sem resistência (só tentava argumentar), um dos PMs atirou.
A ação foi filmada por um cinegrafista amador e divulgada anteontem pelo "Fantástico", da Rede Globo.
O registro oficial dizia que o servente havia trocado tiros com uma equipe e que havia sido encontrado morto.
A imagem da TV deixa pouca dúvida de ter havido uma ação criminosa porque ela é interrompida no exato momento do disparo.
Alckmin afirmou, mais de uma vez, que a polícia tem mais de 130 mil homens e mulheres e que casos como o flagrado são exceção. "Não há nenhuma tolerância."
Administrativamente, segundo ele, os responsáveis pelo crime serão expulsos.
O comando da PM não forneceu os nomes dos policiais presos. Assim, não foi possível falar com seus advogados.
ESCÂNDALO
Para o deputado estadual Olímpio Gomes (PDT), major da reserva da PM, não é possível generalizar a conduta da polícia com base no vídeo.
"Esse sujeito tresloucado tomou uma atitude criminosa e precipitada. Acabou com a própria vida e arrastou quatro outros companheiros."
Oscar Vilhena, diretor da Escola de Direito da FGV, diz que a ação representa uma derrota na tentativa de controle da letalidade policial.
"Esse vídeo é um escândalo: o sujeito foi executado e torturado", disse Martim de Almeida Sampaio, presidente da comissão de direitos humanos da OAB-SP.