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Austrália encerra caso de brasileiro morto
Juíza determinou que procedimentos da polícia com armas de choque sejam revistos
A juíza do tribunal preliminar australiano Mary Jerram, encarregada de investigar a ação policial que levou à morte do brasileiro Roberto Curti, 21, no dia 18 de março, em Sydney, decidiu ontem não levar o caso à corte criminal.
Os policiais vão passar apenas por ação disciplinar.
A magistrada também determinou que as normas de operação e procedimento da polícia australiana sobre o uso de taser, spray de pimenta e algemas sejam revistos.
Os policiais interpelaram o brasileiro na rua por acreditarem que ele teria assaltado uma loja de conveniência minutos antes.
Roberto recebeu ao menos 14 choques de taser, foi jogado ao chão e teve spray de pimenta pulverizado contra o rosto, em uma ação "negligente, perigosa e de força excessiva, onde houve abuso da força policial em vários momentos", destacou Jerram.
A juíza sugeriu que a Comissão de Integridade da Polícia do estado investigue a conduta de 5 dos 11 policiais envolvidos no caso.
Todos os oficiais seguem trabalhando normalmente.
Jerram também deferiu que um eficaz treinamento seja realizado para garantir a segurança no uso de armas de choque pelos policiais.
Ela também recomendou a revisão do modelo de comunicação da polícia via rádio, pedindo uma maior precisão.
O caso da loja de conveniências foi, em um primeiro momento, repassado como roubo a mão armada.
O resultado dos dez dias de investigação contrariou os familiares de Roberto que, em nota, se disseram frustrados.
O chefe de polícia, Andrew Scipione, disse que o uso repetido e simultâneo de armas de choque quando o suspeito já está no chão e algemado não faz parte dos procedimentos da instituição.
Ele afirmou que as recomendações da juíza vão ser adotadas imediatamente. "Esta é uma oportunidade para mudar para melhor". O comissário, porém, disse ser um defensor do uso dos tasers pela polícia.