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Paulistano troca casa na praia por iate
Maior mobilidade na escolha dos destinos é a principal vantagem para quem quer aproveitar o tempo ensolarado
Venda de barcos subiu 20% em dois anos, mas faltam vagas em marinas; alto custo de casas favorece troca
Deixar o apartamento de lado e passar o feriado em alto-mar. É assim que alguns turistas privilegiados começam a aproveitar a temporada no litoral paulista.
A principal vantagem, segundo eles, é poder escolher o destino e não perder praia devido ao tempo nublado.
"Vamos aonde estiver sol", afirma a apresentadora de TV Débora Rodrigues, 44.
Ela e o marido, o empresário Renato Martins, 54, deixaram o apartamento em Caraguatatuba e compraram um barco para aproveitar todo o litoral com a família: um iate de 81 pés e cerca de 25 m de comprimento. Segundo o casal, a área útil soma cerca de 100 m². "É como se estivéssemos em casa", diz Renato.
ADEUS, RIVIERA
Débora e Renato não foram os únicos. A comerciante Cristiane Marques, 34, vendeu a casa da família em Riviera de São Lourenço para passar as folgas em alto-mar.
"Tínhamos um barco de 47 pés. Começamos a ter dificuldade porque ficávamos mais no barco do que em casa."
Com a venda da casa, há seis meses, Cristiane conta que trocou o iate por um maior, de 60 pés. Os gastos de manutenção giram em torno de R$ 12 mil. "É o equivalente aos gastos para manter a casa", diz. "A área é menor, mas temos liberdade."
A parada nas marinas é o ponto de contato com a terra firme. "Ontem pedimos uma pizza. E o entregador veio até aqui", conta Cristiane apontando para a marina.
A troca da casa por grandes barcos entre turistas já é visível nos dados do mercado náutico.
Segundo Adriana Medina, gerente da marina Igararecê, em São Sebastião, a venda de barcos cresceu cerca de 20% nos últimos dois anos. "E os barcos vendidos são cada vez maiores", afirma.
O alto custo para manter uma casa de veraneio é outro fator que leva à troca. "Acaba sendo mais elevado que o de uma embarcação", diz Flávio Pereira, vice-presidente da Associação Náutica do Litoral Norte.
O problema, de acordo com Pereira, está na falta de vagas nas marinas. "Não conseguimos absorver mais público por falta de espaço."
"Se houvesse mais estrutura, mais pessoas migrariam da terra para o mar", diz.