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Universidades estaduais também terão cotas raciais
Proposta que deve ser apresentada hoje prevê reserva de vagas para estudantes pretos, pardos e indígenas
Utilização do critério de cor da pele enfrentou resistências já na elaboração do projeto, segundo professores
A proposta de cotas a ser apresentada hoje pelo governo paulista e pela USP, Unesp e Unicamp contará com reserva específica de vagas para pretos, pardos e indígenas.
Segundo a Folha apurou, a ideia é que, até 2016, 50% das vagas nas três instituições passem a ser ocupadas por estudantes formados em escolas públicas. Na USP, por exemplo, hoje são 28%.
Dentro dos 50%, cerca de 35% terão de ser destinados a pretos, pardos e indígenas (que é a participação desses grupos na população do Estado de São Paulo).
Para entrar em vigor, a proposta terá de ser aprovada nos conselhos universitários (órgãos que reúnem representantes de professores, funcionários e estudantes) das três instituições.
A Folha conversou com dois professores, da USP e da Unicamp, que participaram das discussões do projeto.
Eles afirmaram que a utilização do critério de cor da pele enfrentou resistências já na elaboração do projeto e que esse será um dos pontos mais atacados nas universidades.
Alguns pesquisadores defendem que o uso de critérios sociais e econômicos podem ser efetivos e não levantam a polêmica da existência ou não de racismo no país.
O benefício segundo a cor da pele, porém, é uma das principais reivindicações das organizações que pressionam o governo para adoção das cotas em São Paulo.
Além disso, uma lei federal já determinou que as universidades federais adotem cotas segundo a cor da pele.
A proposta dos reitores prevê que 40% dos estudantes beneficiados pelas cotas (o que representa 20% do total de calouros) passem antes da graduação por um curso preparatório de dois anos.
A previsão é que o curso preparatório, inspirado nos "colleges" americanos, seja dado semipresencialmente pela Univesp (universidade virtual do Estado) e dê direito a um diploma superior.
Os outros 60% das vagas reservadas serão preenchidas por meio de iniciativas próprias de cada universidade.
A proposta dividiu as organizações que pedem cotas.
A Educafro, uma das principais ONGs que representam os negros, apoiou o modelo. "Pelo que o governador nos apresentou, a proposta é melhor que a federal. Será implementada em três anos, enquanto a federal é em quatro", disse frei David Santos, coordenador da entidade.
Outras 70 entidades lançaram manifesto criticando a proposta, principalmente pelo fato de parte dos alunos ter de passar por curso prévio.