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Poeta e acadêmico Lêdo Ivo morre aos 88

Alagoano, expoente da Geração de 45 na literatura brasileira, sofreu infarto após jantar com a família na Espanha

Corpo seria cremado ontem, e cinzas ficarão no mausoléu da ABL, no cemitério São João Batista, no Rio

DO RIO DE SÃO PAULO

O poeta e romancista alagoano Lêdo Ivo, expoente da chamada Geração de 45 da literatura brasileira, morreu na madrugada de ontem, aos 88 anos, vítima de um infarto.

Ocupante da cadeira dez da Academia Brasileira de Letras (ABL), o escritor estava em Sevilha, na Espanha, em passeio com a família. Após um jantar, sentiu-se mal e morreu nos braços do filho, o artista plástico Gonçalo Ivo.

O corpo do imortal seria cremado ontem. As cinzas serão depositadas no mausoléu da ABL, no cemitério São João Batista, no Rio.

A presidente da ABL, Ana Maria Machado, disse que Ivo lutava contra um câncer de próstata havia anos, mas que nunca falaram sobre a doença. "Ele dizia que a poesia é uma forma de ocultar a vida pessoal em palavras."

A ABL decretou luto de três dias e marcou homenagem reservada ao escritor para 10 de janeiro. Em março ou abril, haverá outra, pública.

VITALIDADE

"Ele era grande contador de casos. Tinha uma vitalidade espantosa, falava alto, gostava de comer bem", lembrou a presidente da ABL.

Escritor e membro da ABL, Marcos Vilaça classificou Ivo como "muito espirituoso".

"Ele tinha uma acidez cômica. Na última vez em que estivemos juntos, ele disse, brincando, que na academia a gente só premia livros que não lemos, porque, se fôssemos ler, não premiaríamos."

O imortal Cícero Sandroni lembrou que Ivo afirmava pertencer à Geração de 45 apenas pelo calendário. "Ele dizia que, por estilo, o único ponto de convergência era a rejeição ao modernismo."

"Ele foi maior que a Geração de 45, marcada por uma poesia muito medida, até medíocre", diz o poeta Ivan Junqueira. "E atravessou um período grande da nossa literatura. Destacou-se no romance, no ensaio, nas memórias."

HISTÓRIA

Lêdo Ivo nasceu em 18 de fevereiro de 1924, em Maceió (AL). Em 1943, foi estudar direito na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Formou-se em 1949, mas nunca advogou; durante o curso, começara a colaborar com suplementos literários de periódicos cariocas.

Em 1944, estreou na poesia com "As Imaginações" e, três anos depois, em romance, com "As Alianças".

Conquistou a crítica com obras como o romance "Ninho de Cobras" (1973), o volume de poemas "Finisterra" (1972) e as memórias "Confissões de um Poeta" (1979).

Teve mais de 70 livros publicados, a maior parte de poesia, e recebeu dezenas de prêmios, inclusive internacionais, como o Casa de Las Americas (Cuba, 2009).

Eleito para a ABL em 1987, sucedendo a Orígenes Lessa (1903-1986) na cadeira dez, Ivo fez, em sua posse, uma elegia à poesia, descrevendo-a como "dávida e testemunho".

Foi casado com Maria Lêda (1923-2004) e deixou os filhos Patrícia, Maria da Graça e Gonçalo.

Sua sucessão na ABL só será debatida após o anúncio oficial da vaga, segundo Ana Maria Machado.


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