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Clubes tops ampliam exclusividade e apostam na 'década do esporte'
Com títulos de até R$ 520 mil, espaços de elite investem em atrativos como cinema 3D e balé
Copa e Olimpíada devem atrair mais interessados em títulos dos clubes, que hoje já têm filas de candidatos
Leticia Moreira/ Folhapress | ||
Mariana Gottardi, 29, na quadra de tênis do clube Harmonia, que frequenta desde criança |
Após previsões de extinção, por causa da "concorrência" com academias e condomínios completos, os tradicionais clubes de elite ampliam os serviços exclusivos de lazer e focam na "década do esporte".
Com isso, conseguem manter filas de candidatos dispostos a pagar até R$ 520 mil para se tornarem sócios.
As atrações hoje incluem cinema 3D, balé e até aulas de filosofia. Tudo exclusivo, no caso para os sócios do Club Athletico Paulistano (R$ 520 mil por título e transferência).
Na semana passada, por exemplo, o clube apresentou para seus sócios, num palco sobre as piscinas, o balé "O Quebra Nozes", com a Cia. Cisne Negro.
Mas clube também significa esporte e a expectativa agora é com a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. Segundo especialistas do setor, a aposta na "década do esporte" é que, com o esporte em evidência, mais gente busque os clubes.
No Esporte Clube Pinheiros (título e transferência: R$ 66 mil), crianças que sonham em disputar uma Olimpíada poderão se espelhar ao vivo em medalhistas de verdade, como o nadador Cesar Cielo e o judoca Leandro Guilheiro, alguns atletas de ponta que treinam no clube.
"Trabalhamos com o objetivo de oferecer o melhor para o nosso associado, mas sem abandonar o importante trabalho no esporte, que ajuda a atrair os associados e estimulá-los à prática esportiva", afirma Luis Eduardo Dutra Rodrigues, presidente do clube.
Mesmo quem foca nos esportes enxerga outras vantagens na sociedade.
A publicitária Mariana Gottardi, 29, pratica tênis desde os 9 anos no Sociedade Harmonia de Tênis (título e transferência não informados).
Mas, ao listar seus interesses pelo clube, em primeiro lugar estão os amigos. "Quem é sócio antigo vem para cá pelo fato de ter os amigos. É a segunda casa para todo mundo."
Além das muitas opções culturais e esportivas disponíveis e da comodidade -estacionamento fácil, por exemplo-, reforçar os laços sociais é quase uma unanimidade.
"Moro muito perto do clube. É o 'quintal' da minha casa. Faço esporte, vou ao cinema, almoço e janto com os amigos [no clube]. Faço tudo o que ele oferece", diz Daniella Chede, 32, sócia do Paulistano há 30 anos.
Para quem deseja fazer parte dessas sociedades fechadas, o bom relacionamento com os sócios começa do lado de fora. Para para ser aprovado pela diretoria, é necessário ter no mínimo o aval de cinco deles.
"É super difícil [entrar no Paulistano]. Uma pessoa completamente nova tem muita dificuldade", diz Daniella.