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Sem publicidade, prédios históricos arcam com reformas

Edifícios tombados falham em atrair propaganda para as fachadas e terão de pagar pelas obras de manutenção

Copan deve começar troca de pastilhas da fachada com recursos próprios, na esperança de atrair setor privado

JAIRO MARQUES DE SÃO PAULO

Mesmo autorizados, há cerca de dois anos, a captarem recursos em troca de publicidade em suas fachadas, prédios históricos e tombados do centro de São Paulo não conseguem investidores e estão tocando reformas primordiais com recursos próprios.

O edifício Copan, projetado na década de 1950 por Oscar Niemeyer, resolveu dar a partida na troca das pastilhas que adornam o prédio, mas que estão descolando e colocando pedestres em risco.

Os custos iniciais vão ser bancados pelo fundo de obras do próprio prédio. O síndico não revela o valor, mas moradores ouvidos pela Folha falam em R$ 4 milhões. O projeto todo está orçado em R$ 23 milhões e sua conclusão depende do aporte de verbas de possíveis patrocinadores.

Dessa forma, a ideia é começar a restauração para ver se alguma empresa se anima a financiar o projeto. "Acredito que o início das obras vai animar os patrocinadores", afirma o síndico, Affonso Celso Prazeres Oliveira.

Uma alteração na Lei Cidade Limpa permite que prédios tombados ou em processo de tombamento, entre outros, firmem convênio com a iniciativa privada para conseguir recursos para reforma.

Em troca do patrocínio, os financiadores podem usar até 10% das telas de proteção ou de tapumes para publicidade.

Há cerca de três meses, o Copan recebeu sinal verde da prefeitura para colocar a tela no entorno do prédio. "Como tem faltado mão de obra, o trabalho vai ser lento. Acho que serão necessários dois meses para colocar a tela", diz Oliveira.

ITÁLIA

No Edifício Itália, na avenida Ipiranga, tombado pelo patrimônio histórico municipal desde 1992, a realidade é a mesma do Copan.

Apesar de ter tentado, por duas vezes, patrocínio para obras de conservação, a administração do prédio acabou bancando os custos.

"Tentamos apoio de várias empresas do setor da construção civil, do setor de alumínio, e nada. Tentamos também via Lei Rouanet, sem sucesso. Nem isenção de imposto conseguimos da prefeitura para fazer as reformas e manter esse prédio tão importante para a cidade", diz o síndico, Lorenzo Del Masseo.

O Itália bancou com recursos próprios a reforma da fachada, há cerca de quatro anos, por R$ 10 milhões, e está custeando agora também R$ 800 mil para a troca de 48 mil lâminas de alumínio do "brise-soleil", espécie de quebra-sol nas janelas do prédio.

Membro do conselho administrativo do Edifício Esther, na praça da República, João Miguel Ferreira Jarra diz que o problema de conseguir patrocínio para a reforma tem a ver com corrupção.

"Só é possível conseguir recursos se você compactuar com corrupção. Tem gente que quer que você dê um recibo de R$ 50 para receber, de fato, R$ 10", afirma Jarra.


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