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Aperto fiscal do setor público em 12 meses supera nova meta de 4,3%
Até maio, economia de R$ 74,950 bi é suficiente para pagar juros da dívida
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aperto fiscal feito pelo setor público nos últimos meses
já supera a nova meta anunciada pela equipe econômica para
este ano. Entre junho de 2007 e
maio último, a economia feita
por União, Estados, municípios
e estatais para abater parte de
suas dívidas ficou acumulada
em R$ 116,5 bilhões, valor que
equivale a 4,34% do PIB (Produto Interno Bruto).
No mês passado, o governo
anunciou sua intenção de elevar, de 3,8% para 4,3% do PIB, a
meta para o superávit primário
a ser alcançado neste ano. Números divulgados ontem pelo
Banco Central indicam que,
atualmente, o aperto que vem
sendo conduzido já está próximo do novo objetivo.
A intenção da equipe econômica ao buscar um superávit
maior é conter a alta da inflação. De acordo com o BC, um
dos principais motivos da recente escalada dos preços é o
forte ritmo de crescimento da
economia, que tem criado um
ambiente propício para reajustes em vários setores. Em tese,
quando reduz seus gastos, o governo ajuda a conter a expansão do PIB.
Ainda não está claro, porém,
até que ponto a mudança na política fiscal pode diminuir a necessidade de novos aumentos
nos juros. O próprio chefe do
Departamento Econômico do
BC, Altamir Lopes, disse ontem
que a nova meta de superávit
primário ainda não é definitiva
-embora tenha sido anunciada
pelos ministros Guido Mantega
(Fazenda) e Paulo Bernardo
(Planejamento). "Estamos trabalhando com um anúncio que
ainda não é formal, não é oficial", disse Lopes, segundo
quem só uma mudança na LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias) por parte do Congresso
pode confirmar um superávit
maior para este ano.
Redução de gastos
O economista-chefe do BNP
Paribas, Alexandre Lintz, diz
que o aumento da meta fiscal
para 4,3% do PIB é positivo,
mas que seria melhor se a medida fosse acompanhada por
um esforço maior na redução
dos gastos públicos. "O que vai
aumentar no superávit primário deste ano é, basicamente, o
excesso de arrecadação [tributária], que tem mostrado uma
força muito grande devido ao
nível de atividade bastante robusto", afirma.
Entre janeiro e maio deste
ano, o superávit primário acumulado pelo setor público ficou
em R$ 74,950 bilhões, 25% a
mais do que nos primeiros cinco meses de 2007. O resultado
foi mais do que suficiente para
cobrir a carga de juros de R$
71,031 bilhões que incidiu sobre a dívida pública no período,
algo que raramente acontece.
Essa economia ajudou a reduzir a relação entre dívida e PIB
para 40,8% em maio, nível mais
baixo observado no país desde
dezembro de 1998.
Para Roberto Padovani, estrategista-sênior para América
Latina do banco WestLB, o aumento na meta fiscal não deve
afetar o rumo dos juros. "É uma
gestão fiscal absolutamente
equivocada, que não aproveita
o momento favorável da economia -que é transitório- para
reformas importantes para um
horizonte de prazo mais longo", afirma.
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