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Governo mantém meta de inflação em 4,5% pelo sexto ano
Para a Fazenda, atual patamar é "bem-sucedido" ao "absorver choques" de preços; para analistas, redução teria sido o ideal
Paulo Bernardo afirma que governo quer combater "fortemente" a inflação,
mas "sem esculhambar
com a economia"
JULIANA ROCHA
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo fixou a meta de inflação para 2010 em 4,5%, com
intervalo de tolerância de dois
pontos percentuais, para baixo
ou para cima. Será o sexto ano
consecutivo em que o BC (Banco Central) irá perseguir o mesmo alvo para a variação dos
preços. O governo também decidiu manter em 6,25% ao ano a
TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), usada como referência
para os empréstimos do
BNDES para o setor produtivo.
Se a projeção do mercado para a inflação nos próximos 12
meses se confirmar em 6,3%,
quem pegar financiamentos no
BNDES terá, na prática, um
subsídio na taxa de juros. Isso
porque a TJLP será mais baixa
que a inflação projetada.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, justificou que o governo decidiu manter a meta porque avalia
que a atual política está no caminho certo. "O que se avaliou
hoje é que o desenho atual da
política monetária é bem-sucedido, inclusive absorvendo
choques, como vemos hoje."
O valor da TJLP estabelecido
ontem na reunião do CMN
(Conselho Monetário Nacional), formado pelos ministros
da Fazenda, do Planejamento e
pelo presidente do BC, vale para os próximos três meses. A
meta de inflação de 2010 foi definida na mesma reunião.
Antes do encontro, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) citou as ações no combate à inflação, como o aumento dos juros, a elevação da meta
de superávit primário e medidas de restrição do crédito no
início do ano, mas deixou claro
que o governo não está disposto
a prejudicar o crescimento econômico. "Queremos combater
fortemente a inflação, mas
também não queremos esculhambar com a economia", disse o ministro.
Embora a manutenção da
meta para 2010 fosse esperada,
a decisão do governo decepcionou o economista-chefe da Sul
América Investimentos, Newton Rosa. Ele disse que o "ideal"
seria o CMN reduzir a meta para 4%, mesmo em plena crise
internacional de preços. "O governo poderia ter reduzido a
meta em 0,25 ponto. Já seria o
suficiente para indicar que tem
a intenção de trazer a inflação
brasileira para patamares próximos ao de países desenvolvidos. E ajudaria até a controlar
as expectativas do mercado financeiro", afirmou.
Para Rosa, a redução da meta
de inflação não significa um
aperto maior dos juros no ano
que vem. "Quem sabe como o
mundo estará daqui a seis meses? A crise pode arrefecer e a
inflação voltará a cair", disse.
José Luciano Costa, economista do Unibanco Asset Management, classificou como
previsível a decisão do governo.
Ele disse que a equipe econômica reafirmou o compromisso
de trazer de a inflação de volta
para os 4,5%.
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