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Fundos acumulam saldo negativo no ano
Até 26 de agosto, fundos de investimento acumulam resgates líquidos de R$ 8 bi; em 2007, captação superou R$ 50 bi
Concorrência dos CDBs, que
têm pago taxas maiores,
prejudica os fundos; Bolsa
em fase ruim pode dificultar
recuperação do mercado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão do mercado de
fundos de investimento, que se
mantinha de forma contínua
desde 2003, sofreu uma reversão neste ano. Saques mais fortes fizeram com que, pela primeira vez desde 2002, a captação dos fundos de investimento
passasse a ser negativa.
Neste ano, até o último dia
26, a indústria de fundos amargava captação líquida (a diferença entre as aplicações e os
resgates) negativa que batia em
R$ 8 bilhões, segundo dados levantados pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). A elevação da rentabilidade dos CDBs, aliada a
um cenário bastante ruim para
a Bolsa de Valores, tem feito o
brasileiro rever suas opções de
investimento.
No ano passado, as aplicações nos fundos superaram os
saques em R$ 50,4 bilhões. Em
2006, outros R$ 68,4 bilhões líquidos haviam aportado no
mercado de fundos.
A categoria que mais sofreu
resgates líquidos neste ano é a
de multimercados, que computava captação anual negativa de
R$ 28,6 bilhões até o dia 26. Os
multimercados são fundos com
a característica de poderem
aplicar seus recursos em diferentes segmentos, como ações,
papéis públicos e privados que
pagam juros, câmbio e outros.
A concorrência dos CDBs
(Certificados de Depósito Bancário) se tornou um problema
crescente para a indústria de
fundos nos últimos meses. Como os bancos têm encontrado
maiores dificuldades para conseguir captar recursos, em um
cenário de crescimento do crédito, uma opção encontrada
por eles foi a de aumentar o retorno que oferecem nos CDBs.
Títulos emitidos pela maioria dos bancos e vendidos a seus
clientes, os CDBs pagam uma
taxa de juros a quem opta por
aplicar neles. Além do retorno
mais elevado nos últimos meses, os CDBs levam vantagem
sobre os fundos por não cobrarem taxa de administração, que
representam um custo ao investidor que costuma variar de
1% a 4%. Ou seja, seu ganho líquido tende a ser maior.
E o investidor parece ter notado essas vantagens. Tanto
que uma categoria com forte
resgate no ano é a de renda fixa
que, em tese, deveria estar se
tornando mais atrativa com o
aumento da taxa básica de juros. Os fundos de renda fixa,
que ainda são a maior categoria
do mercado, representando
30% do total aplicado, estão
com resgates líquidos de R$
17,3 bilhões neste ano.
Já o estoque dos CDBs superou em agosto pela primeira
vez os R$ 520 bilhões, com uma
expansão de mais de 50% neste
ano. Isso indica que não só houve gente que saiu dos fundos,
mas muito investidor preferiu
direcionar suas novas economias para os CDBs.
Bolsa desfavorável
Apesar de a Bolsa de Valores
de São Paulo ter enfrentado seu
terceiro mês consecutivo de
queda, os investidores ainda
não correram para sacar seus
recursos dos fundos de ações.
Até a semana passada, os fundos de ações registravam aplicações líquidas de R$ 155,5 milhões no mês. Em agosto, a Bolsa acumulou desvalorização de
6,4%, sendo mais uma vez a
pior opção de investimento.
"O que os últimos meses
mostraram para o investidor,
principalmente aquele que não
estava acostumado com a Bolsa, é que não há sempre ganhos
fáceis com as ações. Com o susto que muita gente tem levado
desde junho, entendo que uma
entrada mais forte de recursos
no mercado de ações vai demorar para voltar a ocorrer", afirma Luiz Antonio Vaz das Neves, da KNA Consultores.
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