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Lula "inaugura" hoje exploração de óleo no pré-sal no ES
Camada de sal no campo de Jubarte, localizado no sul do Espírito Santo, tem apenas 200 metros de profundidade
Na bacia de Santos, no litoral paulista, será preciso perfurar camada de sal de mais de 2.000 m, a uma
profundidade de 7.000 m
ROBERTO MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA (ES)
Faltando um mês para as
eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
inaugura hoje a produção de
petróleo na camada do pré-sal
no campo de Jubarte, na bacia
de Campos, localizado no litoral sul do Espírito Santo, em
operação que suaviza as reais
condições a serem enfrentadas
na nova área descoberta.
Do ponto de vista operacional, no campo de Jubarte a camada de sal tem apenas 200
metros, enquanto só a camada
de sal a ser atravessada na bacia
de Santos pode superar 2.000
metros -com profundidade total de 7.000 metros.
Ao contrário do grande potencial existente na bacia de
Santos -onde só para o campo
de Tupi são estimadas reservas
de até 8 bilhões de barris-, a
Petrobras não divulgou projeções sobre as reservas do pré-sal de Jubarte. Segundo técnicos da estatal, ainda serão necessários novos testes.
Em entrevista concedida ontem, o diretor de Exploração e
Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, disse que o
principal ganho a ser obtido na
produção do pré-sal no Espírito Santo é o de acumular experiência prática.
"É uma espécie de poço-escola, em que produzimos para
ver como o reservatório se
comporta. Para a Petrobras, é
algo muito importante: são os
primeiros dados para comprovar a existência de uma grande
reserva petrolífera [toda a camada pré-sal, que vai do litoral
do Espírito Santo ao de Santa
Catarina], que até já está mapeada pela Petrobras."
Segundo Estrella, as informações disponíveis hoje mostram que o pré-sal da bacia de
Santos é "mais expressivo" do
que o da bacia de Campos. Mas
o diretor da Petrobras destacou
que o importante era unir exploração e produção logo na
primeira etapa de desenvolvimento do projeto.
"É a primeira fase de uma
longa etapa de conhecimento e
que vamos iniciar já com produção. É o que chamamos de
explotação: ao mesmo tempo
em que recolhemos dados e conhecimentos exploratórios,
também vamos produzir. É isso
o que faremos amanhã [hoje].
E, em março do ano que vem,
em Tupi", disse.
Volume espetacular
Do ponto de vista da produção, o gerente da estatal para
exploração no Espírito Santo,
Márcio Félix, disse que se trata
de um volume "espetacular":
"São 18 mil barris por dia, o que,
para um poço exploratório, é
espetacular".
Félix disse que, em 2007, já
sob o horizonte descortinado
pela descoberta de Tupi, a unidade do Espírito Santo decidiu
retomar a pesquisa feita na região onde está o poço que hoje
entra em operação: "O poço exploratório já havia sido feito.
Completamos o poço, com uma
linha flexível que aproveitamos
de outro projeto, e conectamos
a uma plataforma que já está
em produção desde dezembro
de 2006. É investimento modesto, que permite acessar a camada do pré-sal e obter dados
fundamentais para o desenvolvimento dessa nova região".
Estrella disse que existe risco
de os reservatórios no pré-sal
do Espírito Santo não corresponderem às estimativas mais
otimistas da Petrobras, mas
que isso "faz parte do negócio":
"Esse é o procedimento da indústria. As perspectivas são
muito interessantes, expressivas. É preciso correr o risco, vamos produzir, perfurar mais.
Isso leva em consideração o aspecto econômico. Trata-se de
um teste de longa duração".
Colaborou CIRILO JÚNIOR,
da Folha Online, no Rio
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