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Gafisa adquire o controle da Tenda
Construtora terá 60% da empresa mineira e se reforça nas operações para baixa renda
Operação ocorre após grande desvalorização
das ações da Tenda, que perdeu 65% do valor de mercado no mês passado
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Gafisa anunciou ontem
uma fusão que lhe dará o controle da construtora mineira
Tenda. A operação marca o reforço da Gafisa nas operações
para o mercado de baixa renda,
foco central dos negócios da
Tenda. A empresa será integrada à subsidiária Fit Residencial
Empreendimentos Imobiliários, uma divisão da Gafisa
também focada no segmento
de construção de habitações
para grupos de média e baixa
renda -valores entre R$ 80 mil
a R$ 200 mil.
A Fit ingressa nessa associação depois de receber injeção
de R$ 300 milhões da Gafisa
S.A., que assim passará a deter
60% do capital da Tenda. Os ex-controladores ficam com 20%,
e o restante continuará no mercado. A Gafisa não pretende fechar o capital da Tenda.
Segundo Wilson Amaral, diretor-presidente da Gafisa, a
fusão, negociada em apenas
três semanas, criará uma das
maiores companhias privadas
de construção habitacional para a média e a baixa renda. "A
Tenda atende a uma faixa de
consumidor que não alcançávamos. É uma operação complementar", diz. A forte queda
das ações da Tenda nos últimos
dias não influenciou a decisão
da Gafisa. "Não olhamos a perda do valor das ações, mas a lógica e os fundamentos do negócio são bons", afirma. Hoje,
Amaral vai explicar a operação
ao mercado.
A aquisição surpreendeu
analistas. De acordo com a
equipe do Banif, não havia nenhuma expectativa de que a
Tenda fosse a primeira empresa a ser incorporada. A Tenda
enfrentava um momento delicado e de desconfiança no mercado de ações.
Só em agosto, as ações da empresa -que foram lançadas em
outubro de 2007- perderam
65,2% do valor. A queda no preço das ações foi motivada pela
frustração de resultados no balanço do segundo trimestre de
2008. A forte queda exigiu um
pronunciamento da empresa.
Na sexta-feira, a Tenda emitiu comunicado ao mercado
tentando restabelecer a confiança dos investidores. Disse
que dispunha de R$ 109 milhões em caixa em 27 de agosto,
suficientes para garantir as
operações até o primeiro trimestre de 2009.
Além disso, a Tenda havia dito que avaliava alternativas de
captação de recursos para
"equacionar as necessidades de
recursos no médio e longo prazos". A nota dizia ainda que a
Tenda possui baixo nível de endividamento e que manteria a
"abordagem conservadora".
Após a febre das aberturas de
capital do setor no ano passado
e no início de 2008, o mercado
de crédito para a construção de
imóveis se retraiu. Construtoras que basearam seus planos
de negócios na realidade de
crédito mais farto foram pegas
de surpresa e tiveram de refazer seus planos. Em agosto, a
Inpar anunciou que venderá
ativos não-residenciais, como
prédios comerciais, para captar
R$ 200 milhões.
As ações da Tenda entraram
no mercado em outubro passado ao valor de R$ 9. Na sexta, a
ação fechou a R$ 3,75, desvalorização de 58,33% desde o IPO.
Com o anúncio da Gafisa, o
papel da Tenda subiu 22,66%
ontem, a R$ 4,60. Os papéis ON
da Gafisa também fecharam
em alta de 8,82%, a R$ 25,40.
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