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"Estamos prontos para crescer", diz Diniz
Porém, primeiros bons resultados do Grupo Pão de Açúcar após reestruturação não animam especialistas
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucas empresas brasileiras
chegam aos 60 anos fortes,
bem-sucedidas e apresentando
boas vendas e resultado, diz
Abilio Diniz, presidente do
conselho do Grupo Pão de Açúcar, que celebra a efeméride no
domingo. "Nosso Ebitda [lucro
operacional, medido antes de
impostos, juros e depreciação]
vai crescer mais, e as vendas
nas mesmas lojas vão avançar
muito mais do que nos anos anteriores", afirma Diniz. "Estamos prontos para crescer."
Já Claudio Galeazzi, presidente-executivo da empresa,
acha que, apesar de os indicadores mais recentes serem positivos, ainda não dá para estourar o champanhe.
"Talvez o Abilio tenha mais
experiência em varejo do que
eu e, por isso, comemore os resultados", diz Galeazzi. "Eu,
nas reuniões, não os festejo.
Todos os indicadores são favoráveis, mas precisam ser consolidados. Temos um longo caminho pela frente."
Concorrentes com fôlego
Especialistas parecem concordar com Galeazzi. Segundo
Claudio Felisoni, coordenador
do Provar (Programa de Administração do Varejo), da USP, o
Grupo Pão de Açúcar não encontrou ainda um modelo exitoso no varejo para a baixa renda, categoria que mais cresceu nos últimos anos.
Além disso, diz, a recente
reestruturação pode ter seqüelas no grupo. Para ele, a disputa
pela liderança do mercado tende a se concentrar entre as duas
grandes redes estrangeiras,
Carrefour e Wal-Mart.
Eugenio Foganholo, diretor
da consultoria Mixxer, tem a
mesma opinião. "A briga pela liderança será complexa daqui
para a frente", diz Foganholo.
"Não é fácil para o Pão de Açúcar crescer enquanto arruma a
casa e muito menos agüentar o
fôlego do Wal-Mart."
A rede americana anunciou,
recentemente, investimentos
de US$ 1,8 bilhão no Brasil neste ano. Já o Carrefour conquistou a liderança do mercado no
ano passado com a aquisição do
Atacadão. Enquanto isso, o
Grupo Pão de Açúcar foi obrigado a cortar seus investimentos em 2008 e postergar boa
parte deles para 2009, quando
pretende abrir cem novas lojas
e investir cerca de R$ 1 bilhão.
"Preferimos parar, reordenar a expansão e as vendas e
buscar a rentabilidade", diz Diniz. "Temos de produzir resultados, e não só expansão."
De acordo com Galeazzi, a
concorrência tem crescido sem
ter essa preocupação. "Gostaria
que os concorrentes divulgassem resultados", afirma ele.
"Temos uma boa idéia dos resultados deles e [seus] prejuízos acumulados devem ser bastante significativos."
De todo modo, o grupo pode
ter perdido a chance de avançar
enquanto a economia está
aquecida. "Acompanhamos todo o movimento da concorrência e temos poder para investir", diz Diniz. "Também não
acreditamos que 2009 será um
ano de crescimento menor."
Segundo ele, o conselho consultivo, formado por economistas de renome, trabalha com a
perspectiva de crescimento de
4% no PIB em 2009 e com a taxa de inflação, medida pelo
IPCA, de 5%. "Crescer um ponto a menos não fará tanta diferença", diz Diniz.
De acordo com Galeazzi, no
entanto, a empresa usará o
bom senso na hora de decidir
pelos investimentos, como foi
feito neste ano. Apesar de os investimentos terem sido planejados em razão do mercado
aquecido, foram suspensos devido à remodelação.
Entre as novidades na companhia estão a redução de fornecedores para melhorar o poder de negociação da rede, a
descentralização das operações, os pesados investimentos
em tecnologia e a criação de
uma estrutura para cuidar da
área imobiliária, que tem ativos
no valor de R$ 2 bilhões.
"Um shopping pode acontecer desde que faça sentido", diz
Enéas Pestana, vice-presidente
financeiro do grupo. "O que
mais falta nos shoppings são lojas-âncora, o que o Pão de Açúcar é por excelência."
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