São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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análise

Lula rasga a fantasia em alto-mar

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Lula rasgou a fantasia ontem na primeira extração simbólica de petróleo do pré-sal. Num palanque em alto-mar, sujou as mãos de óleo e fez marcas no macacão dele e da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Parecia campanha. E era.
Lula já vem fazendo política com o pré-sal. Interessa a ele ser o padrinho da descoberta na costa brasileira. Interessa a ele vitaminar a eventual candidatura de Dilma à Presidência. O petróleo do pré-sal é o combustível ideal.
Lula impõe sua agenda à oposição quando diz que o petróleo do pré-sal é um "bilhete premiado de loteria" que o país deve usar para investimento maciço em educação e no combate à pobreza.
Ao dar a Dilma a posição de madrinha do pré-sal, o presidente associa fatos positivos a uma ministra que, por ora, não é competitiva nas pesquisas sobre a sucessão de 2010.
Como faltam dois anos para a eleição, Dilma tem tempo de sobra para popularizar a imagem e aprender a fazer campanha. Na véspera da extração do pré-sal, ela dançou e tocou reco-reco num evento petista em Vitória. Não há a menor dúvida de que ela aceitou a empreitada. Lula tem dito que Dilma está "pegando o jeito" para concorrer ao Planalto.
Na campanha do "Pré-Sal é Nosso", o risco de Lula é gerar falsas expectativas e fazer demagogia. O próprio governo prevê exploração em larga escala só em 2014 -ironicamente, o último ano do sucessor do petista.


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