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Argentina diz que pagará dívida com o Clube de Paris
Valor, de US$ 6,7 bi, será quitado com reservas do BC
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Depois de ter suas notas rebaixadas por agências de classificação de risco e de bancos de
investimento alertarem para a
possibilidade de um novo default, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou ontem que o país irá pagar,
com reservas do banco central,
a dívida de US$ 6,7 bilhões que
mantinha com o Clube de Paris
(formado por 19 nações credoras internacionais).
Os temores de que o país pudesse declarar um novo calote
cresceram ainda mais recentemente diante da queda no preço das commodities, que representam mais da metade das exportações do país e que podem
reduzir a receita do governo.
Com o anúncio, a Argentina
pretende dissipar esses rumores e voltar a ter acesso ao crédito internacional, perdido
após o default da dívida durante a grave crise política e econômica de 2001.
"Isso [o anúncio] reafirma,
uma vez mais, a vontade da Argentina de pagar seus compromissos internacionais por parte de uma gestão que não contraiu nenhuma dessas dívidas",
afirmou a presidente em ato na
Casa Rosada que marcava o Dia
da Indústria. Empresários presentes ao evento aplaudiram de
pé o anúncio.
Após o calote da dívida em
2001, o ex-presidente Néstor
Kirchner também se valeu das
reservas do banco central para
saldar, em 2006, a dívida de
US$ 9,6 bilhões que mantinha
com o órgão. Atualmente, as reservas do banco central estão
em cerca de US$ 47 bilhões.
Acalmar o mercado
A decisão de quitar a dívida
com o Clube de Paris faz parte
de uma série de medidas tomadas nas últimas semanas pelo
governo para acalmar os mercados. Sem acesso ao crédito
internacional após o default, a
Argentina teve, nos últimos
anos, a Venezuela como seu
maior credor. Após a venda de
US$ 1 bilhão em títulos à Venezuela, no começo de agosto, os
bônus despencaram e o governo teve que sair a recomprá-los.
Nesse cenário, o pagamento
da dívida foi comemorado por
empresários. "Terá uma repercussão muito positiva, local e
internacionalmente. Cairá bem
para os credores e dará ao governo a possibilidade de descomprimir a situação e às empresas, de melhorar o financiamento", afirmou o presidente
da União Industrial Argentina,
Juan Carlos Lascurain.
No entanto alguns economistas criticaram o uso de fundos do BC para pagar a dívida.
Afirmam que a decisão confirma que o país não estava disposto a se submeter a uma auditoria do Fundo Monetário
Internacional, necessária para
o parcelamento e a negociação
da dívida com o Clube de Paris.
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