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AVIAÇÃO
Na esteira da retomada econômica, sobem as vendas de bilhetes para empresas
Viagem de negócios volta a decolar
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após amargar longa fase na
apertada classe econômica, os
executivos estão, aos poucos, voltando para a primeira classe ou
para a executiva dos aviões. Também voltam a voar para destinos
mais distantes e exóticos, na esteira do boom exportador.
Paralelamente, saltou a taxa de
ocupação dos quartos de luxo em
hotéis localizados em cidades brasileiras voltadas a negócios, e os
gastos em cartões de crédito corporativos cresceram neste ano: é a
face operacional da retomada da
economia brasileira.
Segundo dados do Favecc (Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais), que representa as agências
especializadas em organizar viagens para grandes empresas, como General Motors, IBM e Camargo Corrêa, entre outras, as
vendas de bilhetes aéreos nacionais subiram 23,6% no primeiro
semestre do ano em relação ao
mesmo período de 2003.
O crescimento das passagens
internacionais foi ainda maior, de
55,6% na mesma comparação.
"Houve maior demanda de passageiros, mas o faturamento cresceu mesmo porque atualmente se
viaja para a Índia, Oriente Médio
e África do Sul, ou seja, viagens de
longa distância que custam mais
caro", diz Goiaci Alves Guimarães, presidente do Favecc.
É o otimismo trazido pela explosão das vendas externas, diz
ele, o propulsor dessas viagens.
"A demanda de empresas brasileiras que nos procuram querendo exportar cresceu mais de
50%", atesta Maria José Ribeiro,
48, da Trust Trading, especialista
contratada por empresas para negociar cada etapa de uma operação de exportação e que viaja até
dez vezes por ano para países como o Senegal, na África.
O fluxo contrário, de executivos
à procura de negócios no Brasil,
também cresceu. Os desembarques no país em meses que não
são considerados turísticos são
um indicador dessa situação: em
agosto, 491.916 passageiros chegaram ao país, segundo a Embratur.
É o maior número para um mês
de agosto desde 98 e o segundo
maior desde janeiro deste ano.
Em vôos nacionais, a quantidade de desembarques chegou a
2,88 milhões de pessoas, também
recorde para um mês de agosto.
Volta ao luxo
As viagens duram mais tempo,
mas, em melhor situação, as empresas podem torná-las mais confortáveis. Na United Airlines, a
demanda por passagens de primeira classe cresceu 30% neste
ano, afirma Michael Guenther, diretor administrativo financeiro da
companhia aérea no Brasil.
"Desde o 11 de Setembro, houve
uma grande queda nas compras
da primeira e da "business class".
A economia mundial também estava ruim", diz. "Agora estamos
observando uma grande volta do
passageiro para essas classes, no
mundo inteiro", afirma.
A TAM diz que observou alta de
18% na primeira classe e executiva de janeiro a agosto deste ano
ante o mesmo período de 2003. O
mercado corporativo representa
cerca de 80% das vendas da aérea.
O "upgrade" é verificado da
mesma forma na hotelaria. As
diárias em hotéis cinco estrelas
em São Paulo, segundo estudo da
BSH Internacional, consultoria
especializada, subiu 9,26% nos
primeiros seis meses do ano ante
o mesmo período de 2003. Nos
hotéis quatro estrelas, também
houve alta, mas menor, de 5,63%.
"A percepção é que, em 2001,
2002 e 2003, as empresas enxugaram seus orçamentos, diminuíram custos. O gerente da empresa
não ficava mais em hotel de luxo,
era acomodado em um quatro estrelas", diz José Ernesto Marino
Neto, presidente da consultoria.
"A migração volta novamente
até porque ficar em um hotel de
luxo representa um status necessário ao homem de negócios, faz
com que ele ganhe pontos na negociação", completa.
Os gastos em cartões corporativos também subiram: segundo
dados da American Express, a alta
no primeiro semestre em relação
ao mesmo período de 2003 foi de
26% para o comércio, 39% para a
indústria e 28% para os serviços.
"Os gastos dos cartões são um
bom indicador do que acontecerá
na economia no futuro, já que eles
são um sinal do início do aquecimento nos negócios das empresas", analisa Francisco da Rocha
Campos, da área de cartões corporativos da Amex.
Colaborou Marcelo Billi,
da Reportagem Local
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