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Estudo oficial reduz preço de energia da usina
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer que a energia
da hidrelétrica de Belo Monte,
no rio Xingu (PA), seja mais barata que a que será produzida
nas usinas de Santo Antônio e
Jirau, no rio Madeira (RO).
Estudo da EPE (Empresa de
Pesquisa Energética, estatal
que planeja o setor) calculou a
tarifa-teto de Belo Monte em
R$ 68 por MWh (megawatt-hora). O valor é 44% menor do
que o preço-teto da hidrelétrica
de Santo Antônio (R$ 122) e
14% menor do que o de Jirau
(R$ 91).
O limite máximo para Belo
Monte é inferior até mesmo ao
resultado dos leilões das usinas
do rio Madeira. Após a disputa
por Santo Antônio, houve deságio de 35%, resultando em uma
energia vendida a R$ 78,87 por
MWh. Em Jirau, o leilão resultou em uma redução de 21,54%
no preço, que fechou em R$
71,4.
Ontem, o TCU (Tribunal de
Contas da União) aprovou os
estudos que servirão de base
para a elaboração do edital de
Belo Monte, que, segundo o governo, deverá ser licitada em
abril. É a maior obra do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), com custo total
de construção estimado entre
R$ 16 bilhões e R$ 20 bilhões.
Apesar do estudo da EPE,
quem define a tarifa-teto do leilão é o Ministério de Minas e
Energia. A assessoria de imprensa do ministério informou
que a tarifa-teto do leilão não
será necessariamente a que foi
estimada pela estatal.
Condicionantes
Para o presidente da EPE,
Maurício Tolmasquim, o preço-teto poderá subir por conta
dos condicionantes ambientais. "Não estavam incluídos no
cálculo os condicionantes do licenciamento prévio. Deve subir um pouco", disse. O Ibama
estima os custos ambientais em
R$ 1,5 bilhão.
Nos leilões de hidrelétricas,
vence a disputa a empresa ou
consórcio que oferece a menor
tarifa, respeitado o teto definido pelo governo. O cálculo feito
pela EPE surpreendeu o mercado, que considera o projeto
de Belo Monte menos atraente
do que as usinas do Madeira e
esperava um valor quase duas
vezes maior como preço-teto.
Para o mercado, apesar de
Belo Monte ter uma potência
maior (11.200 MW, ante aproximadamente 6.450 MW das
duas usinas do Madeira), o projeto no rio Xingu é menos
atraente. Por essa avaliação,
Belo Monte requer uma quantidade maior de investimento
para gerar, proporcionalmente,
menos energia.
Além disso, a quantidade de
energia da hidrelétrica de Belo
Monte que poderá ser vendida
livremente para grandes consumidores, como indústrias, é
menor do que a das usinas do
Madeira. No caso de Santo Antônio e Jirau, os empreendedores podiam vender até 30% da
energia no mercado livre.
Pelas regras do leilão, o preço
ofertado pelos licitantes vale
para o mercado cativo (onde estão os pequenos consumidores). Dessa forma, os futuros
operadores da usina oferecem
uma tarifa baixa para esse mercado e compensam vendendo
energia mais cara para grandes
consumidores. Em Belo Monte, apenas 10% da energia poderá ser vendida no mercado livre, o que reduz essa margem
de manobra.
Pelos cálculos do governo,
essa mudança elevou a tarifa-teto, que poderia chegar a R$
59 por MWh e acabou ficando
estabelecida em R$ 68. O teor
do edital dirá agora se o projeto
terá concorrentes.
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