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Exportadores querem adido agrícola
DA AGÊNCIA FOLHA
Exportadores consideram que
o Brasil se tornou alvo no mercado global do agronegócio e, por
isso, precisa aumentar seus investimentos e cuidados sanitários, a
fim de evitar a imposição de barreiras aos seus produtos.
O presidente da Sociedade Rural Brasileira, João Almeida Sampaio Filho, sugere a criação de
adidos agrícolas nas representações brasileiras no exterior. "Só
no mês de junho, recebi adidos
agrícolas dos Estados Unidos, do
Canadá, da França e da Itália. Eles
se preocupam com isso. Está na
hora de ajudarmos o Itamaraty
com adidos agrícolas", disse.
Para ele, o Ministério das Relações Exteriores sempre "foi excelente politicamente, mas deixa a
desejar em termos comerciais".
A proposta de adido agrícola
não é nova. Durante o governo
Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002), ela já era defendida
em reuniões da iniciativa privada
com o Ministério da Agricultura.
Os maiores defensores da idéia
eram os agora ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento)
e Roberto Rodrigues (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Na época, Rodrigues, então presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), criticava
o "bloqueio" do Ministério das
Relações Exteriores à idéia.
Em nível interno, é consenso
entre exportadores e representantes de produtores ouvidos pela
Agência Folha a necessidade de
melhora nos padrões sanitários
vegetal e animal. Sampaio Filho
lembra que a defesa agropecuária
nacional tem o mesmo quadro de
funcionários há dez anos, período
em que a produção de grãos e carne no país teve uma salto de qualidade e quantidade.
O surto de aftosa no Estado do
Pará evidenciou o problema da
falta de recursos.
"Hoje a sanidade [animal] é
usada comercialmente", disse o
presidente da Associação dos
Criadores de Mato Grosso do Sul,
Laucídio Coelho Neto.
Ele declarou que a febre aftosa
"é um perigo constante", que torna as exportações vulneráveis.
Na opinião do vice-presidente
da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Gedeão Pereira, que cria gado e cultiva arroz e soja, "quanto mais o
Brasil cresce e fica forte, vencendo
os subsídios europeus e norte-americanos, mais picuinhas eles
[os estrangeiros] criam para nos
tirar do páreo".
O consultor de negócios Pedro
Carlos Calgaro disse que o produtor brasileiro de algodão está mais
preocupado com a qualidade do
produto, para não perder os mercados asiático e europeu.
Fazendas de camarão
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Criadores de
Camarão, o Brasil vem crescendo
de forma significativa no setor.
No ano passado, ocupou a sexta
posição no ranking mundial de
produção do crustáceo em fazendas, com pouco mais de 90 mil toneladas. Em 1998, essa produção
era de 7.250 toneladas. A China,
no topo, produziu 370 mil toneladas em 2003.
Na opinião de Emerson Barbosa, diretor-presidente da Costa
Dourada Camarões Ltda., uma
das maiores produtoras e beneficiadoras de camarão no país, é
uma "tendência normal" a possibilidade de retaliações em razão
do potencial e do crescimento do
país no setor.
"Hoje ainda nem atingimos os
patamares de produção dos asiáticos e já estamos sofrendo retaliação com um processo recente
de antidumping, com outros cinco maiores exportadores, nos Estados Unidos. Eu acho essa tendência normal", disse.
(JOSÉ MASCHIO, EDUARDO DE OLIVEIRA, HUDSON CORRÊA E LÉO GERCHMANN)
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