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Aumento do gasto público é alvo de críticas de Serra
Governador diz que descontrole compromete a economia, mas reconhece que ritmo de crescimento é mais acelerado
Tucano afirma que falta de lei de responsabilidade fiscal para a esfera federal causa "desorganização" nas contas de governos futuros
Marco Antonio Cavalcanti/Agência
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O GloboO governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que participou ontem do Fórum Nacional, no Rio
JANAINA LAGE
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), teceu críticas à política macroeconômica
do governo Lula, que classificou como "inconsistente".
Em palestra na edição especial do Fórum Nacional, organizado pelo economista João
Paulo dos Reis Velloso, no Rio,
Serra também atacou a política
externa e disse que o país precisa de uma lei de responsabilidade fiscal em âmbito federal.
"Os gastos governamentais
de 2002 a 2012 projetados crescerão cerca de 130% em termos
reais, se não houver aceleração
da inflação, por conta das despesas correntes -se criou agora uma inovação, que é o aumento do gasto futuro porque
não tem lei de responsabilidade
fiscal federal. Aquele velho mecanismo de transferir a desorganização das contas públicas
para governos sucessivos foi
inibida no caso de Estados e
municípios, mas não na esfera
federal", disse.
Apesar do discurso, Serra negou que já se apresente como
um pré-candidato à Presidência em 2010. Ele disse que não
está em "nenhuma corrida presidencial" e que considera ser
cedo ainda para o partido definir o candidato.
O governador reconheceu
que o ritmo de crescimento da
economia tem sido mais acelerado nos últimos anos, mas
destacou que o Brasil ainda
cresce menos do que a América
Latina e os demais emergentes.
Afirmou ainda que, para
manter uma taxa de desemprego da ordem de 5% e acompanhar o crescimento da população, o país precisa gerar cerca
de 21 milhões de novas vagas.
Na avaliação de Serra, a taxa de
investimento do país é insuficiente para garantir o crescimento do país no futuro e menor em termos de proporção do
PIB do que a de outros países
da região.
Segundo Serra, ninguém discute mais o tripé de câmbio flutuante, responsabilidade fiscal
e metas de inflação, mas falta
ao governo uma gestão melhor
dessas variáveis. "Dentro desse
contexto tem uma administração do que seria a política econômica, que é inconsistente
com o aumento da taxa de investimentos: juros siderais,
câmbio megavalorizado, déficit
e gastos governamentais crescendo vertiginosamente por
conta dos gastos correntes."
Na visão do governador, diferentemente da década de 1970,
quando o déficit em transações
correntes financiava o aumento dos investimentos, o resultado negativo desta vez está financiando o aumento do consumo. Serra criticou ainda o loteamento de cargos nas agências reguladoras e disse que
elas precisam ser vistas como
órgãos de Estado e não de governos.
Outro alvo de críticas foi o foco dado pelo governo a acordos
multilaterais. Para Serra, o
Mercosul deveria funcionar como uma zona franca de comércio, e não como uma união alfandegária para não prejudicar
os interesses comerciais do
Brasil. "Continua frágil a capacidade do governo de fazer política exterior. Não há política integrada e esse é um ponto de
vulnerabilidade para o futuro."
O tema da palestra de Serra
era sobre a gestão moderna do
Estado. Ele citou diversos
exemplos de São Paulo, como o
incentivo ao cumprimento de
metas de educação com remuneração adicional.
Amorim rebate
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que participou do evento à tarde, disse
que a crítica é "mal informada".
"Na medida em que fortalece o
Mercosul, fortalece nossa presença internacional. O Brasil é
maior porque é capaz de aglutinar a América do Sul", disse
Amorim.
Em relação à política industrial, afirmou que o país não terá futuro se seguir um exemplo
de economia primária exportadora. "Uma nação não se faz só
com a exploração de recursos
naturais", afirmou.
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