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Para BC, desaceleração mundial terá pouco efeito sobre o Brasil
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central calcula que
a desaceleração na economia
mundial prevista por organismos multilaterais como o FMI
(Fundo Monetário Internacional) terá efeitos mínimos sobre
a economia brasileira.
Em julho, o FMI reestimou o
crescimento mundial para
4,1%, quase 1 ponto percentual
abaixo dos 5% registrados em
2007. Se esse cenário se confirmar, o efeito sobre o PIB brasileiro será de apenas 0,1 ponto.
Ou seja, o país cresceria 4,9%
em 2008, em vez dos 5% projetados pelo governo.
No câmbio, o impacto estimado pelo BC é de 0,12 ponto
percentual. Dessa forma, a taxa
hoje estimada pelo mercado
em R$ 1,62 para o final do ano
seria mais próxima de R$ 1,63.
A outra variável calculada pelo
BC foram as exportações, onde
a crise internacional custaria
apenas 0,08% de redução no
ritmo de alta das vendas.
Essas estimativas foram
apresentadas pelo diretor de
Política Econômica do BC, Mário Mesquita, na reunião do
G20, grupo de países emergentes, na semana passada no Rio
de Janeiro.
"O impacto da crise internacional no Brasil é menor por
duas razões boas. A primeira é
que a desaceleração mundial
não parece ser muito acentuada. A outra é que os países
emergentes estão em situação
muito melhor de solvência externa do que nos anos 90", afirma o economista do banco
WestLB, Roberto Padovani.
O baixo grau de abertura da
economia é outro motivo apontado por Mesquita para o reduzido impacto da crise no Brasil.
A desaceleração mundial indica demanda externa menor por
produtos brasileiros. Mas, como o país exporta e importa
pouco em relação ao tamanho
de sua economia, essa procura
menor por bens brasileiros não
deve ter impacto relevante.
Os dados do BC permitem
concluir que o Brasil está mais
protegido da crise internacional. Mas mostram também que
o país não poderá contar com a
ajuda externa para reduzir o
ritmo de crescimento interno.
Ou seja, uma desaceleração
mundial não garante que o Brasil crescerá menos e, portanto,
que o BC poderá parar de subir
os juros para conter a economia. Desde abril, o juro subiu
de 11,25% ao ano para 13%.
Na apresentação ao G20,
Mesquita reforçou o diagnóstico de que a demanda interna
vem crescendo em ritmo muito
maior do que a capacidade que
os fornecedores nacionais têm
de produzir. Esse descompasso
é considerado pelos diretores
do banco como a principal razão para o aumento da inflação.
Mesquita apresentou gráficos em que procurou mostrar
que a subida dos preços não é
resultado somente do aumento
dos preços de alimentos ou da
alta do petróleo. O diagnóstico
do BC não é consenso no governo. A equipe do ministro Guido
Mantega (Fazenda) atribui o
repique da inflação aos choques de commodities. Daí a disputa sobre a necessidade ou
não de nova alta dos juros.
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