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Regra nova de tarifa afeta lucro do Bradesco
Banco registra retorno menor com serviços bancários após BC reduzir quantidade de tarifas que podem ser cobradas
No segundo trimestre,
instituição lucrou R$ 2 bi,
valor 13% menor que no
mesmo período de 2007; no
semestre, ganho é de R$ 4,1 bi
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de robusto, o lucro do
Bradesco mostrou um ritmo de
expansão menos impressionante na primeira metade de
2008. De janeiro a junho, o lucro líquido alcançou inéditos
R$ 4,105 bilhões, crescimento
de 2,4% sobre o mesmo período de 2007. Se não forem levados em conta os efeitos extraordinários registrados pelo
Bradesco, o crescimento do lucro ficou em 11,5%.
O menor retorno proporcionado pela receita com serviços
bancários (como tarifas e taxas
de contas, cartões e empréstimos) se destacou no resultado
do segundo trimestre do ano,
em que o banco marcou lucro
de R$ 2,002 bilhões. Essa cifra
é 13% menor que o lucro do segundo trimestre do ano passado, desde que considerados
efeitos extraordinários do período -como a alienação de
participações na Serasa e na Arcelor-, que inflaram o resultado de abril a junho de 2007.
As novas regras do BC para a
cobrança de tarifas, que entraram em vigor em 30 de abril, tiveram impacto no resultado.
Os R$ 2,775 bilhões obtidos
com prestação de serviços entre abril e junho foram 1% menores que o retorno do primeiro trimestre. E isso em um cenário de aumento de clientes e
de forte concessão de crédito.
A perda de fôlego do retorno
com tarifas fez com que a participação das receitas de serviços
no resultado do banco recuasse
de 29% do total no primeiro semestre de 2007 para 25% no
mesmo período de 2008. "Após
as mudanças das normas de cobranças de tarifas feitas pelo
BC e que entraram em vigor no
segundo trimestre, era esperado que o resultado dos bancos
nesse segmento se enfraquecesse", diz o gestor Wellington
Senter, do Modal Asset.
Realinhamento
Márcio Cypriano, presidente
do Bradesco, diz que a instituição fez um "realinhamento das
tarifas, de acordo com as novas
regras do BC". "Pretendemos
recuperar as perdas com o aumento da base de clientes", disse Cypriano, que prevê uma
ampliação em 1,75 milhão de
contas em 2008.
Entre as novas normas, houve a redução de 55 para 20 na
quantidade de tarifas que podem ser cobradas.
A nova realidade dos ganhos
com receitas acabou por tirar
um pouco do brilho das operações de crédito, que, mesmo
com a retomada da elevação da
Selic, seguem com crescimento
acelerado.
A carteira de crédito total do
Bradesco cresceu 38,8% em 12
meses, para encerrar junho em
R$ 181,6 bilhões. O destaque ficou com a pessoa jurídica, que,
afetada pelas maiores dificuldades em obter recursos no
mercado de capitais, voltou a
procurar com maior apetite o
setor bancário. A carteira destinada às pequenas e médias empresas se expandiu em 47,2%
em 12 meses, e a de grandes
empresas aumentou 39,8%.
Para a pessoa física, o aumento foi de 32,2%. Nesse segmento, a taxa de inadimplência, de 90 dias, cresceu um pouco, de 6,4% em março para
6,7% em junho.
Animado com a demanda por
crédito aquecida, apesar da Selic mais alta, o Bradesco elevou
a previsão de aumento de sua
carteira para este ano de uma
faixa de 21% a 25% para outra
de 24% a 29%. E é nas grandes
empresas que está a principal
aposta de expansão do banco.
Para o segmento, a previsão de
aumento no ano foi de uma faixa de 10 a 15% para 22% a 30%.
Para Cypriano, o BC não deve
tomar novas medidas para tentar conter a demanda por crédito. "Não contamos com nenhuma nova ação nesse sentido. A
não ser com alta dos juros."
Contra uma elevação mais
robusta do lucro pesou também o aumento das despesas
com pessoal e administrativas.
Em 12 meses terminados em
junho, as despesas aumentaram 15%. Segundo a instituição, o aumento se explica por
investimentos em tecnologia e
crescimento orgânico.
Expansão
O Bradesco anunciou que irá
abrir três corretoras na Ásia e
no Oriente Médio. Essas novas
unidades serão instaladas em
Tóquio, Dubai e Hong Kong.
(FABRICIO VIEIRA)
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