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Para Meirelles, alta dos juros não surtiu efeito
SHEILA D'AMORIM
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Os aumentos na taxa de juros
anunciados pelo Banco Central
neste ano ainda não surtiram
efeito na inflação, na avaliação
do presidente da instituição,
Henrique Meirelles.
Apesar de a pesquisa semanal feita pelo BC com analistas
de mercado mostrar um pequeno recuo nas projeções do
IPCA (índice referência para o
governo) de 2008, Meirelles diz
que ainda é cedo para creditar
isso à elevação dos juros.
"É um pouco prematuro ainda dizer até que ponto existe reflexo da política adotada neste
ano."
Para Meirelles, o ambiente é
de incertezas e também não é
possível considerar que o preço
internacional de commodities
como alimentos, petróleo e minério chegou a um teto e recuará a partir de agora.
"Achamos um pouco prematuro ainda fazer uma previsão
da evolução dos preços das
commodities nos próximos
meses ou no próximo ano", disse, em oposição a economistas
que alegam que o valor desses
produtos chegou a um limite.
Em discurso no seminário
organizado pelo BC, ontem na
sede do banco no Rio de Janeiro, para comemorar os dez anos
do regime de metas de inflação
no Brasil, Meirelles fez questão
de destacar que, nesse sistema,
"existem limites no emprego da
política monetária".
Para o presidente do Banco
Central de Israel, Stanley Fischer, o regime de metas de inflação enfrenta atualmente o
seu maior desafio. Convidado
especial para o seminário, ele
enfatizou a necessidade, no
atual cenário, de perseguir com
vigor o centro da meta, embora
existam margens de tolerância
para acomodar choques. No
Brasil, a meta para o IPCA (índice de referência para o governo) é de 4,5%, com tolerância
de dois pontos percentuais.
"O sistema de metas flexível
não é meta. Não se deve alterar
a meta", afirmou.
"Os modelos do BC não são
confiáveis porque tudo pode
mudar a qualquer momento.
Ele [Fischer] pregou que não
sejamos tão apegados a esses
modelos. Devemos olhar mais
no dia-a-dia", comentou Carlos
Thadeu Filho, economista-chefe da administradora de recursos SLW.
"O que está acontecendo com
o preço dos alimentos não é
bem captado pelos modelos
[dos BCs]. São choques particulares", destacou Frank Smets,
representante do Banco Central Europeu.
Colaborou CIRILO JUNIOR,
da Folha Online, no Rio
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