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Mercado avalia se pressão da carne bovina na inflação chegou ao fim
Para indústria, valor da arroba em dólar dificulta novas altas ao consumidor
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
O mercado pecuário avalia
se, com a arroba do boi na casa
de R$ 90 no interior paulista, o
que equivale a um preço próximo de US$ 60, existe espaço para a carne bovina prosseguir
pressionando os índices de inflação neste segundo semestre.
As opiniões se dividem.
O IPCA, índice calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e usado
pelo Banco Central no sistema
de metas de inflação, acumulou
6,06% nos 12 meses encerrados
em junho. Nesse período o subitem "Carnes" subiu 37,68%.
Para representantes da indústria, a pressão tende a diminuir. Joesley Batista, presidente do JBS-Friboi, empresa que
mais abate bovinos no país
-cerca de 20 mil/dia-, diz que
a alta da arroba em dólar dificulta novas reajustes nos valores pagos aos pecuaristas.
Segundo ele, a redução de
oferta e a apreciação do real
deixaram o boi do Brasil com
preço parecido ao de outros
mercados, como EUA e Austrália, e próximo do da Europa.
De acordo com Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo
(Associação Brasileira da Indústria Frigorífica), o preço da
carne bovina ao consumidor
"chegou ao ponto da exaustão".
Paulo Molinari, consultor da
Safras & Mercado, discorda.
Diz que os segundos semestres
costumam ter melhor nível de
emprego do que a primeira metade do ano. O consumo, portanto, deve se manter firme.
O diretor técnico da consultoria AgraFNP, José Vicente
Ferraz, avalia que há espaço para altas da carne no fim do ano.
Motivos: o pagamento do 13º
salário e o aumento da procura,
que ocorre sempre nessa época.
O coordenador de análises
setoriais da Scot Consultoria,
Fabiano Tito Rosa, prevê que a
pecuária apresente mercado
firme nos próximos dois anos.
Apenas na virada da década, os
rebanhos devem se recompor a
ponto de permitir oferta mais
confortável aos frigoríficos.
Péricles Salazar diz que o
mercado está muito complicado para pequenas e médias indústrias. Não apenas pela redução do número de bois prontos
para o abate, mas pelo que chama de "processo predatório" de
grandes frigoríficos. A Abrafrigo vai solicitar audiências nos
ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda para pedir
que o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) pare de financiar "a
concentração industrial".
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