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NEGÓCIO DE FÉ
País supera EUA com tiragem média de 7 milhões/ano; aumento no nš de evangélicos ajuda a explicar fenômeno
Brasil lidera produção de Bíblias no mundo
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Com uma tiragem média de 7
milhões de volumes por ano, o
Brasil é líder mundial da produção de Bíblias. O aumento de fiéis
em igrejas evangélicas e o crescimento da Renovação Carismática, da Igreja Católica, estão entre
as principais explicações para o
aumento de demanda no país do
livro mais vendido do mundo.
A inauguração, em 1995, da
Gráfica da Bíblia, em Tamboré
(Grande SP), ajudou a impulsionar a produção do livro no Brasil.
De acordo com o IBGE, a participação dos evangélicos na população brasileira passou de 9%, em
1991, para 15%, em 2000. Os católicos representavam, em 2000,
73,5% da população total.
"Em 2002, o país bateu o recorde e superou os EUA na distribuição de Bíblias", afirma Mário Barbosa, 42, diretor-executivo da SBI
(Sociedade Bíblica Internacional).
No ano passado, a venda de livros religiosos em geral caiu em
volume, mas o faturamento aumentou devido à venda de Bíblias
mais luxuosas, de maior valor, segundo o Sindicato Nacional dos
Editores de Livros.
O mercado todo foi de R$ 192
milhões no ano passado. Não há
um dado separado sobre a venda
de Bíblias na pesquisa, mas Vitor
Tavares, gerente comercial da Loyola, dá uma boa pista: "A Bíblia é
o carro-chefe de qualquer editora
católica".
Compilando dados de diversas
editoras, a Folha chegou a um número aproximado de 5 milhões
de Bíblias vendidas no ano passado -um período, a exemplo do
que houve nos demais setores da
economia, de queda nas vendas.
Lado sagrado
Mário Barbosa, da SBI, explica
esse nicho. "Uma característica
importante é respeitar muito o sagrado. Não tratamos a Bíblia como produto de mercado."
Outro que fala do mesmo jeito
sobre o setor é Tavares, da Loyola.
"Há o lado profissional e até mesmo mercadológico nesse setor,
mas sempre respeitando o dogma
e o sagrado", afirma.
Prova disso é que não se vêem
editoras laicas produzindo o livro.
Elas são sempre confessionais,
ainda que não ligadas diretamente a essa ou àquela igreja, à exceção das editoras católicas.
As editoras evangélicas dominam a distribuição -a palavra
usada no meio para definir as
vendas-, com 70%, em média,
do total. Sozinha, a SBB (Sociedade Bíblica do Brasil) distribui 50%
das Bíblias completas do país.
Associada às Sociedades Bíblicas Unidas, uma comunidade
presente em 136 países, a SBB é
uma das dez integrantes desse
grupo que possuem gráfica própria, que já editou Bíblias em 14
línguas -incluindo em árabe,
que são enviadas para o Egito.
Diversificação
Hoje, existem diversos tipos de
Bíblia: para mulheres, para jovens, para crianças, de estudo, para pastores, bilíngüe, em braile.
"Neste ano, devemos fazer quatro lançamentos", disse Sérgio
Panvarini, diretor de marketing
da Editora Vida, especializada em
Bíblias especiais e comentadas.
Para cada lançamento, a editora
investe R$ 1,5 milhão, em média.
Ela pertence à Zondervan, a
maior editora cristã do mundo,
que faturou US$ 200 milhões no
ano passado.
Há quatro semanas, a Vida
inaugurou sua loja virtual dentro
do Submarino -uma das cinco
existentes no site e a única de editoras. No Mundo Vida, é possível
comprar uma edição da Bíblia em
ordem cronológica, a única em
português, por R$ 95.
Na Paulus, o carro-chefe das
vendas é a Bíblia pastoral, com
linguagem mais acessível, segundo a assessoria de imprensa. A Bíblia júnior, para crianças, foi a terceira mais vendida no ano passado pela Paulinas. As versões em
CD-ROM ainda são pouco significativas, embora ganhem espaço.
Mas nem tudo é completo no
mercado bíblico brasileiro. Não
há, informa a SBB, uma versão
completa da Bíblia gravada em
áudio em português.
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