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ARTIGO
Alta do petróleo compensa perdas de fundos
DO "FINANCIAL TIMES"
Alguns administradores de
fundos de hedge se beneficiaram de suas apostas sobre o
petróleo, no mês passado, devido
à alta dos preços, ainda que o setor tenha agido rapidamente para
calar os boatos de que especuladores teriam contribuído fortemente para que os preços do petróleo cru batessem seu recorde.
Os fundos de hedge macro e de
futuros administrados vêm colhendo as recompensas de suas
posições compradas (que se beneficiam da alta das cotações) em
derivativos de petróleo, de acordo
com observadores do setor. Isso
compensa o impacto negativo da
queda dos índices das Bolsas japonesas e dos mercados emergentes em abril e os prejuízos com
a recente alta do dólar e com o
alargamento do ágio nos títulos
públicos.
O volume líquido de posições
compradas especulativas, nos
contratos de petróleo da Nymex
(Bolsa Mercantil de Nova York, a
maior de futuros de energia do
mundo), subiu nas últimas semanas após uma onda de vendas no
começo de abril, que coincidiu
com o desmonte de outras operações alavancadas dos fundos.
O administrador de um fundo
de hedge disse que "diversos" macrofundos mundiais obtiveram
retornos na casa de um dígito no
mês passado, em parte devido a
transações com petróleo. Alguns
fundos futuros, que empregam
modelos estatísticos para negociar contratos futuros de commodities e instrumentos financeiros,
também informaram que a movimentação do preço do petróleo os
ajudou a atenuar suas perdas em
outros segmentos.
Os fundos que assumiram posições compradas de derivativos de
petróleo colheram algumas recompensas em maio.
Duncan Brown, da Winton Capital, fundo de futuros sediado
em Londres, disse que sua posição de petróleo foi crucial para o
desempenho da empresa no mês
passado.
"Vinha sendo muito mais difícil
do que seria de esperar negociar
petróleo ao longo dos últimos oito
meses", disse Brown. "Não importa qual fosse a perspectiva de
tempo sob a qual se estava operando -em curto ou longo prazo-, os problemas eram freqüentes. Mas, em termos gerais, o
petróleo nos salvou neste mês.
Ganhamos muito dinheiro por
conta das posições compradas.
Nossa exposição a riscos de longo
prazo no mercado de energia
equivale a 10% de uma carteira de
US$ 700 milhões, mas, como resultado da tendência de alta, o setor ganhou peso mais elevado."
Última tendência
Simon Derrick, estrategista do
Bank of New York, disse que a alta
sugere que os fundos de hedge e
outros especuladores elevaram
suas apostas quanto ao preço do
petróleo. "Depois do colapso das
outras transações alavancadas
dos fundos -primeiro o dólar e a
seguir os títulos públicos-, o petróleo é a mais recente e talvez a
última tendência no mercado."
No entanto muitos dos envolvidos em fundos de hedge apontaram rapidamente que o setor não
era o único responsável por empurrar os preços do petróleo cru
nos Estados Unidos ao seu ponto
mais alto em 21 anos, no mês passado -na segunda-feira, o barril
fechou cotado a US$ 42,33 em Nova York. Até sexta-feira, caiu 9%,
para US$ 38,49.
Investidores especulativos foram acusados de acrescentar até
US$ 10 ao preço do petróleo, ainda que suas posições compradas
líquidas -que medem a extensão
de suas apostas em uma alta de
preços- respondessem por menos de 10% do interesse aberto total em contratos futuros de petróleo cru registrado na Nymex. A
posição comprada líquida equivale, por sua vez, a uma base de 77
milhões de barris de petróleo, ou
cerca de um dia de consumo
mundial.
Os administradores foram rápidos em argumentar que o aumento nos preços do petróleo fora impulsionado por operações em
mercados básicos, e não por posições derivativas assumidas pelos
fundos de hedge.
O administrador de um fundo
de hedge diz que culpá-los é simplesmente um jeito fácil de fazer
barulho. E que os fluxos de caixa
dos fundos de hedge são minúsculos se comparados aos do setor
como um todo, conduzidos pela
demanda natural das empresas e
do comércio no mundo.
Tradução de Paulo Migliacci
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