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Metalúrgicos decidem se farão greve no ABC paulista
Trabalhadores ameaçam parar nesta segunda-feira
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
No ABC paulista, 70% dos
105 mil metalúrgicos da região
podem decretar hoje greve nas
montadoras e nas autopeças,
caso proposta com aumento salarial acima de 2,5% da inflação
não seja oferecida até as 10 horas. O prazo termina quando
começa assembléia da categoria em São Bernardo do Campo,
na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT).
Depois de dois dias consecutivos de negociação, as montadoras chegaram ao índice de
1,8% acima da inflação, percentual considerado "distante" do
que os trabalhadores querem.
No ano passado, o ganho real
nos salários foi de 2,5% acima
do INPC de 4,82% (equivalente
à inflação acumulada nos últimos 12 meses até setembro).
A Folha apurou que algumas
montadoras teriam oferecido
anteontem até 1,95% acima da
inflação, mas a proposta não
chegou a ser "formalizada" na
reunião com os sindicalistas.
"O argumento das empresas
é que não podem arcar com
custos que impliquem perda de
competitividade. Mas o fato é
que sem proposta não haverá
produção em fábrica alguma a
partir de segunda", disse Sérgio
Nobre, presidente do sindicato,
durante intervalo da reunião
com o Sinfavea (sindicato dos
fabricantes de veículos). A negociação iniciada ontem por
volta de 15h deveria avançar na
madrugada de hoje.
Militantes e sindicalistas já
organizavam ontem uma possível paralisação na segunda.
Ela pode ocorrer em setores estratégicos das montadoras, fornecedores e em todas as empresas de setores que não oferecerem reajuste com ganho
real considerado "mais significativo" -eletroeletrônicos,
máquinas e outros.
Nas autopeças, também não
houve acordo na negociação de
ontem. A FEM-CUT (federação dos metalúrgicos paulistas)
recusou proposta do setor de
8,8% de reajuste, sendo 1,5% de
aumento real e 7,15% para repor as perdas da inflação.
Cerca de 3.000 funcionários
das autopeças Mahle Metal Leve, Rassini, Fibam e Proema,
todas em São Bernardo, pararam a produção em até duas
horas. Hoje e amanhã estão
suspensas jornadas adicionais,
com horas extras, em todas as
montadoras do ABC.
Em São José dos Campos,
cerca de 1.400 metalúrgicos
das empresas Bundy e Eaton
atrasaram a produção em duas
horas, segundo o Sindicato dos
Metalúrgicos da região (vinculado ao Conlutas, central sindical ligada ao PSTU).
"Nosso pedido é de reajuste
de 18,83%, sendo 9% de aumento real e gatilho salarial toda vez que a inflação chegar a
3%", disse Eliezer Mariano da
Cunha, diretor do sindicato da
categoria em Campinas (ligado
à Intersindical, corrente sindical formada por dissidentes da
CUT). A negociação com Conlutas e Intersindical ocorre
separadamente da feita com
sindicatos ligados à CUT.
Mais um acordo
No Paraná, 4.000 metalúrgicos da Renault/Nissan encerraram ontem greve de cinco
dias e aceitaram nova proposta
da empresa. Eles terão 2,5% de
aumento real mais a inflação
acumulada nos últimos 12 meses (7,6%) na folha de setembro, além de um abono de R$
1.500 e um vale-compras de R$
100. Os dias parados não serão
descontados do salário, mas do
banco de horas.
Os trabalhadores da montadora Volvo, em Curitiba, já haviam aceitado proposta semelhante à dos operários da Renault na quinta-feira sem recorrer à greve. Na Volkswagen/Audi, 4.000 metalúrgicos
continuam em greve.
Colaborou DIMITRI DO VALLE, da Agência Folha
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