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PERDAS E DANOS
Valor de ações e volume de negócios desabam, e Bovespa tem o menor número de companhias listadas desde 79
Empresas encolhem US$ 40 bi em 6 meses
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas dezenas de bilhões de
dólares desapareceram do mercado acionário paulista no 1º semestre do ano. As ações negociadas
na Bolsa de Valores de São Paulo
viram evaporar US$ 40,2 bilhões
de seu valor de mercado no período. À expressiva perda de valor
dos papéis somou-se a regressão
no número de empresas com capital aberto na Bovespa.
Até agora, 18 companhias deixaram de ter seus papéis negociados no pregão paulista em 2002.
Isso levou a quantidade de empresas listadas na instituição a
cair para 410 -o menor número
desde 1979. Em 89, eram 592 as
empresas com capital aberto.
A crise que assola o mercado de
ações se reflete também no valor
diário negociado no pregão. Somente em 1996 o movimento diário da Bolsa paulista foi inferior
aos R$ 579 milhões registrados na
média diariamente no ano.
As ações negociadas no mercado local valiam apenas US$ 145,2
bilhões no fim de junho, nível
comparado apenas ao de setembro do ano passado, quando os
atentados terroristas nos EUA sacudiram os mercados.
Os US$ 40,2 bilhões que as empresas listadas na Bolsa perderam
de seu valor de mercado na primeira metade do ano equivalem
ao preço em Bolsa das quatro
maiores companhias de capital
aberto do país -Petrobras, Vale
do Rio Doce, Itaú e AmBev.
Sangria recorde
Nem mesmo com o preço dos
papéis de empresas brasileiras no
chão o investidor estrangeiro tem
se interessado por eles. A fuga dos
estrangeiros da Bovespa no mês
passado foi a mais expressiva desde dezembro de 98. A sangria em
junho superou R$ 1 bilhão.
Analistas afirmam que esse dinheiro não tem sido redirecionado para ADRs (American Depositary Receipts, certificados que representam a propriedade de
ações de empresas estrangeiras),
como já aconteceu em outros períodos de crise no mercado interno. O volume mensal negociado
de ADRs em Nova York se manteve praticamente estável, próximo
dos US$ 3 bilhões, nos últimos
dois meses.
"A Bolsa local está extremamente barata em dólares, mas
mesmo assim o estrangeiro não
tem demonstrado interesse. Com
os ADRs, o movimento de cautela
é igual e deve permanecer assim
até as eleições presidenciais [em
outubro"", afirma o diretor de
renda variável Bank Boston Asset
Management, Júlio Ziegelmann.
Para o diretor de renda variável
do HSBC Brain, Lúcio Graccho, o
investidor estrangeiro está fugindo dos emergentes.
"Além disso, após os recentes
escândalos de fraude de balanços
de empresas dos EUA, a aversão
ao risco do mercado acionário como um todo só tende a crescer."
No "semestre negro", a Bolsa
paulista amargou seu pior desempenho em 30 anos, com queda
acumulada de 18%.
Quando o valor das ações e o
volume negociado caem muito,
como tem acontecido neste ano,
uma das principais funções da
Bolsa, que é servir de fonte de recursos para as empresas de capital
aberto, fica comprometida.
"Com as atuais condições do
mercado, fechar o capital acaba se
tornando atrativo para muitas
empresas", diz Graccho.
A previsão de fortes turbulências para todo o mercado local pelo menos até a decisão das eleições deve continuar levando a
Bolsa a outros recordes negativos.
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