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Câmara aprova juro menor em dívida rural
Votação troca Selic (13%) por TJLP (6,25%) para corrigir débitos que somam R$ 7 bi; Fazenda busca reverter decisão
Ao todo, governo renegocia R$ 80 bilhões em dívidas agrícolas; ministro Reinhold Stephanes espera adesão
de 80% dos produtores
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Agricultores e pecuaristas
conseguiram ampliar os benefícios para a renegociação de R$
80 bilhões em dívidas mantidas
com o governo.
Em votação no plenário da
Câmara, ontem, a bancada de
deputados que representa o setor rural derrotou os governistas e substituiu a taxa Selic
(13% ao ano) pela TJLP (6,25%
ao ano) na correção de R$ 7 bilhões em débitos não pagos inscritos em dívida ativa (em fase
de cobrança judicial).
Além da redução nos juros,
os devedores terão direito a
descontos de até 70% na liquidação à vista e de até 65% nos
valores a serem parcelados.
Também foi aprovado destaque que determina que a Procuradoria Geral da Fazenda,
encarregada da cobrança da dívida ativa, ficará impedida de
ingressar com ações e fazer
execuções judiciais até dezembro de 2009, quando vence o
prazo para que os devedores
formalizem adesão às novas
condições de pagamento.
Anteontem, os produtores
haviam conseguido ampliar de
cinco para dez anos o prazo para alongamento desses débitos,
além da retirada da multa de
20% por atraso.
O Ministério da Fazenda vai
tentar reverter a troca da Selic
pela TJLP no Senado, onde o
texto será votado. Caso não
consiga, irá orientar o Palácio
do Planalto a vetar a troca. "A
substituição da Selic pela TJLP
é um incentivo à inadimplência
porque premia o mau pagador.
Vamos até a última tentativa no
Senado para recuperar a redação da medida provisória", disse Gilson Bittencourt, diretor
da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda.
Maior negociação
As novas condições para liquidação da dívida fazem parte
da maior renegociação de dívida rural já feita no país. Foram
incluídas pelos deputados ao
aprovarem ontem o texto da
medida provisória que estabelece regras de repactuação de
29 tipos de dívida rural, contraídas desde os anos 1980.
O estoque da dívida em valores atualizados pela Fazenda é
de R$ 80 bilhões, pulverizados
em 2,4 milhões de contratos.
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) espera por
adesão de 80% dos devedores.
Caso isso se confirme, o custo
da renegociação para o governo
ficará entre R$ 12 bilhões e R$
15 bilhões.
"Chamar isso de prejuízo depende do ponto de vista, porque parte da dívida total, a
exemplo dos R$ 7 bilhões da dívida ativa, dificilmente seria recuperada. O governo agora vai
recuperar uma parte desse dinheiro, que não iria retornar
aos cofres públicos", afirmou o
ministro da Agricultura.
Stephanes salientou que a renegociação fará com que produtores que hoje estão insolventes recuperem a condição
de contratação de novos créditos. E isso, segundo ele, resultará em ampliação da área plantada e maior uso de tecnologia
no campo para ganhos de produtividade na agropecuária.
O ministro também disse que
a repactuação tende a fortalecer o setor rural e contribuir
para a estabilização dos preços
agrícolas num contexto de inflação global nos valores cobrados por alimentos.
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