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Lucro da Vale cai 21,7% no 2º tri; exportação recua 4,4%
Comparação de ganho é com 2º tri de 2007; com 1º tri deste ano, lucro sobe 103%
Vendas da mineradora já sofrem com desaceleração global, enquanto reajuste anual do preço do minério explica melhora em 2008
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Vale registrou lucro de R$
4,573 bilhões no segundo trimestre de 2008, resultado
21,7% menor que o obtido em
igual período de 2007 (R$ 5,841
bilhões). Em relação ao primeiro trimestre de 2008, quando o
lucro alcançou R$ 2,253 bilhões, houve expansão de
103%, segundo a companhia.
A mineradora viu seu lucro
cair especialmente por causa
de resultados não-operacionais: ganhos não-recorrentes
com a venda de participações
auferidos no segundo trimestre
do ano passado e perdas decorrentes da variação cambial.
Tanto que o resultado operacional da empresa (fruto só das
atividades, sem outros efeitos)
cresceu R$ 6 bilhões ante o segundo trimestre de 2008 e atingiu o recorde de R$ 9,2 bilhões.
A Vale lucrou R$ 839 milhões
e R$ 417 milhões, respectivamente, de abril a junho de 2007
com a venda das participações
acionárias na Usiminas e na
Log-In (braço de logística desmembrado da empresa). O impacto positivo não se repetiu
agora e conteve o desempenho
no segundo trimestre.
Pesou negativamente ainda o
resultado financeiro: perda de
R$ 890 milhões no segundo trimestre de 2008. "Foi efeito
principalmente das variações
monetárias e cambiais", disse a
empresa em seu balanço.
Outro fato negativo foi a
crescente pressão de custos
originária principalmente da
alta do preço dos insumos, de
acordo com a Vale. O custo total dos produtos vendidos subiu 6,5% -de R$ 7,409 bilhões
no segundo trimestre de 2007
para R$ 7,891 bilhões no mesmo período deste ano.
O analistas dizem ainda que a
queda do preço do níquel também afetou o desempenho. A
cotação do metal bateu no pico
em 2007 (US$ 55 mil/tonelada) e despencou desde então
-está na faixa de US$ 17 mil/
tonelada. "Com a aquisição da
Inco, o níquel passou a ter mais
importância para a empresa,
apesar de responder por menos
de 15% da geração de caixa da
Vale", diz Eduardo Kondo, da
Concórdia Corretora.
Já a expansão do lucro do primeiro para o segundo trimestre
de 2008 se deve ao reajuste de
71% do preço minério de ferro,
seu principal produto. "O lucro
sempre cresce no segundo trimestre, quando o aumento passa a ser incorporado a partir de
abril", avalia Kondo.
O impacto da queda do preço
do níquel fica evidente na repartição da receita da companhia por produtos. No segundo
trimestre de 2007, os não-ferrosos (o níquel é o principal)
correspondiam a 51% do faturamento. No mesmo período
deste ano, o percentual caiu para 31,9%.
Kondo ressalta, porém, que o
balanço da companhia está
protegido da forte queda das
commodities metálicas (que
afeta a cotação das ações da empresa), pois a maioria das suas
receitas é atrelada ao minério
de ferro, cujo preço é fixado por
contrato de longo prazo com as
siderúrgicas. No segundo trimestre deste ano, os ferrosos
representaram 59,5% do faturamento da Vale.
No segundo trimestre deste
ano, a receita da mineradora
avançou 3,8% ante igual período de 2007 e alcançou o recorde de R$ 18,884 bilhões. Em volume, as vendas de minério de
ferro subiram 8,9%, desempenho melhor do que o de níquel
-alta de 1,5%.
Foi recorde também a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes do pagamento
de juros, impostos, amortização e depreciação): R$ 10,473
bilhões no segundo trimestre
deste ano, alta de 2,1% ante
igual período de 2007. O resultado, diz a Vale, permite financiar com tranqüilidade seu programa de investimento.
No segundo trimestre, as exportações líquidas caíram
4,4%, já afetadas pela desaceleração da economia mundial.
Para o futuro, a Vale não traça um cenário tão otimista. Diz,
no texto do balanço, que a economia global vai continuar em
desaceleração, puxada especialmente pelos países desenvolvidos. Prevê uma expansão
mais moderada para os emergentes, exceto a China, cujo
crescimento tende a se manter
vigoroso. O país asiático é o
principal mercado da Vale
-17% do faturamento total.
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