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Setor está destroçado, afirma Maksoud
DA REPORTAGEM LOCAL
Henry Maksoud, 74, empresário do setor hoteleiro, não tem
muito o que comemorar no ano
em que o seu hotel -o Maksoud
Plaza- completa 25 anos. "A indústria hoteleira está destroçada."
A crise econômica e a superoferta de hotéis e flats levaram a rede hoteleira de São Paulo a enfrentar a maior crise da sua história. "Se quisesse, amanhã mesmo
competiria com os flats, que chegam a cobrar R$ 40 para ter cinco
pessoas em um quarto. Isso não
vou fazer. Queremos manter a alta qualidade do serviço porque
somos o melhor hotel do Brasil
em qualidade, serviço e avanço
tecnológico."
A seguir, os principais trechos
da entrevista de Maksoud.
(FF)
Folha - Qual é a situação da indústria hoteleira no Brasil?
Henry Maksoud - A verdadeira
indústria hoteleira está destroçada. Quando falo da indústria hoteleira, falo dos hotéis de verdade,
daqueles que foram registrados
para operarem como hotéis.
Folha - Por que está destroçada?
Maksoud - Porque, ao longo dos
anos, muitos hotéis e flats, que
operam como hotéis, foram implantados sem considerar a demanda do mercado.
Folha - Os flats são os principais
culpados pela crise hoteleira?
Maksoud - A idéia dos flats não é
errada. Eles nasceram porque,
com o fim do filão financiador da
construção, como o BNH [Banco
Nacional da Habitação], os incorporadores buscaram um negócio
financiado pelo consumidor final
e que funcionasse como investimento para pessoas físicas e jurídicas. Em vez de estar sujeito à Lei
do Inquilinato, que favorecia
mais o inquilino, o imóvel poderia ser alugado por dia, como os
hotéis, apesar de ser registrado na
prefeitura como condomínio residencial. Só que o correto seria o
flat ser catalogado como empreendimento hoteleiro e obedecer às normas de construção e de
zoneamento urbano estabelecidas para o hotel.
Folha - Qual é a ocupação média
do Maksoud hoje?
Maksoud - Da ordem de 35%,
quando deveria ser acima de 60%.
Sempre ficamos entre 65% e 67%.
Folha - Por quanto tempo dá para continuar nessa situação?
Maksoud - Gradualmente, o hotel tem de melhorar a produtividade da mão-de-obra. Chegamos
a ter 800 pessoas empregadas.
Hoje, temos cerca de 300.
Folha - O sr. foi obrigado a reduzir
o preço das diárias?
Maksoud - Todo mundo teve de
reduzir, inclusive em dólar. As
pessoas sabem que alguns flats
cobram preços baixíssimos. Mas
elas não sabem que os flats funcionam como falsos hotéis. Hoje,
a tarifa mais baixa é de R$ 180,
sem café da manhã. É um preço
muito baixo em relação ao que
deveríamos cobrar.
Folha - O sr. pensa em se associar
a alguma rede internacional?
Maksoud - De jeito nenhum. Ao
contrário, teríamos mais prejuízo.
Ninguém opera um hotel melhor
do que nós, considerando os hotéis independentes. Essa é uma
empresa de capital fechado e eu
sou o dono do boteco.
Folha - Qual seria a saída para a
indústria hoteleira?
Maksoud - A saída é o crescimento econômico. Seria importante que as condições tributárias
e de regulamentação dos hotéis
fossem as mesmas das dos flats.
Folha - O sr. acha que tem fôlego
por mais quanto tempo?
Maksoud - O quanto eu quiser
aguentar. O hotel Maksoud Plaza
não foi construído ontem. Se quisesse, amanhã mesmo competiria
com os flats, que chegam a cobrar
R$ 40 para ter cinco pessoas em
um quarto. Isso não vou fazer.
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