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Vendas à Argentina serão em moeda local
Lula e Cristina devem anunciar amanhã o início do comércio bilateral em real e peso na visita da presidente ao Brasil
Presidentes ainda devem
discutir usina binacional
no RS, financiamento de
pontes e atividades da
Embraer e da Petrobras
IURI DANTAS
LETICIA SANDER
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao se reunirem no Planalto
amanhã, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e
da Argentina, Cristina Kirchner, deverão finalmente anunciar o início do esperado comércio entre os dois países em
moeda local. Essa é a primeira
etapa para adoção de moeda local nas importações e nas exportações de todo o Mercosul.
Até o final do ano passado,
ainda havia dificuldades técnicas. Para realizar comércio em
moeda local, é preciso que os
sistemas de computador dos
bancos centrais dos dois países
"conversem" com agilidade. O
problema é que boa parte dos
registros de comércio da Argentina ainda era feita em papel, o que dificultava a integração dos dois sistemas.
O tema é considerado uma
medida importantíssima para
impulsionar o comércio entre
os dois países, principalmente
por facilitar as operações de pequenas e médias empresas. Hoje, quem importa da Argentina
precisa obter dólares para pagar a mercadoria. Os argentinos, por outro lado, buscam a
moeda americana para quitar
importações do Brasil.
Com o mecanismo de moeda
local, brasileiros utilizarão o
real, e os argentinos, o peso. O
presidente Lula mencionou o
assunto durante entrevista
concedida recentemente ao
jornal argentino "Clarín".
Detalhes
Na sexta-feira, equipes dos
dois países ainda debatiam detalhes sobre o anúncio. Segundo apurou a Folha, o tema só
não será tratado por Lula e
Kirchner se um dos presidentes não quiser. As operações
em moeda local entram em vigor no final deste mês.
A agenda dos dois presidentes inclui ainda acertos finais
sobre a usina binacional de Garabi (RS), financiamento para a
construção de pontes ligando
os dois países e atividades da
Embraer e da Petrobras.
Com relação à Embraer, Lula
e Cristina vão discutir o fornecimento de peças argentinas
para montagem de aviões no
Brasil. Hoje, a Embraer compra peças de uma empresa chilena. Os governos do Brasil e da
Argentina querem incluir a
AMC (Área Material Córdoba)
na lista de fornecedores da empresa de aviação.
O assunto foi tratado há algumas semanas por funcionários do governo argentino com
a ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff.
Um outro interesse brasileiro em relação à Embraer diz
respeito à compra de aeronaves pela estatal Aerolíneas Argentinas. Se os argentinos toparem adquirir os aviões da
empresa brasileira, Lula oferecerá em contrapartida futuras
compras da Petrobras.
A petroleira brasileira vai adquirir 200 novas embarcações
para exploração do petróleo da
camada pré-sal. Lula tem interesse em que essas embarcações sejam produzidas na
América do Sul e na conversa
com Cristina vai propor a entrada da Argentina no negócio.
Os dois presidentes devem
assinar, ainda, um acordo de
cooperação técnica entre o
BNDES, o Banco de La Nación
(instituição estatal) e o Bice
(Banco de Investimentos e Comércio Exterior da Argentina).
O acordo vai definir mecanismos para que as instituições
emprestem dinheiro para a integração produtiva.
A presidente argentina também anunciará que vai antecipar o pagamento de 60% da
eletricidade emprestada pelo
Brasil durante a recente crise
de energia no país vizinho. Parte do pagamento será feita em
dinheiro, e outra parte, com a
devolução de energia.
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