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Presidente da Força Sindical diz que não faz a "menor questão" de segurar as entidades que estão saindo
CUT prepara "boas-vindas" a novos filiados
DA REPORTAGEM LOCAL
A CUT prepara para o início de
2004 uma comemoração de
"boas-vindas" para os sindicatos
e federações que estão migrando
para a central. A informação é do
presidente da CUT-São Paulo,
Edílson de Paula.
Entre as entidades que já estão
se filiando à central -ou negociam nos bastidores sua ida para a
entidade- estão sindicatos que
representam trabalhadores de vários setores: hoteleiro, rural, construção civil, transporte, gráfico,
químico e borracha.
"Falta só marcar o dia para a filiação", afirma Almir Macedo Pereira, presidente do Sindicato dos
Condutores em Transporte Rodoviário de Cargas Próprias de
São Paulo. O sindicato, com cerca
de 4.000 filiados, deixou a Força
Sindical há dois meses porque
seus dirigentes acreditavam que
havia "pouco espaço" na central.
Com 15 mil trabalhadores em
sua base, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Santo
André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio
Grande da Serra assinou há duas
semanas a ficha de filiação à CUT.
"A entidade era independente havia 60 anos, mas decidiu que a
mudança era necessária para fortalecer sua campanha salarial e,
com isso, ampliar a conquista de
direitos", afirma Luiz Carlos Biazi, presidente do sindicato.
A Federação dos Trabalhadores
nas Indústrias de Artefatos de
Borracha do Estado de São Paulo,
que reúne dez sindicatos, também
se desfiliou recentemente da Força Sindical. "É bem provável nossa filiação à CUT. Temos uma
reunião na próxima semana",
afirma Esmeraldo Fernandes da
Silva, presidente da federação.
Metade dos sindicatos filiados à
essa entidade deve migrar -com
a federação- para a CUT, segundo a Folha apurou.
"Não posso dizer dessa água
não bebo e desse pão não como",
afirma Moacyr Firmino dos Santos, presidente do Sindicato dos
Empregados em Escritórios de
Empresas de Transporte em São
Paulo e em Itapecerica da Serra,
filiado à Força Sindical.
A entidade nega oficialmente a
mudança de lado, mas há boatos
que estaria negociando nos bastidores a troca por outra central.
A Folha apurou que, assim que
alguns sindicatos começaram a se
movimentar para deixar a Força,
a central contra-atacou. Líderes
da Força Sindical procuraram os
sindicalistas e chegaram a oferecer cargos na direção executiva
para evitar uma "debandada".
Para o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, a saída dessas
entidades é insignificante. "Não
faço a menor questão de segurar
os sindicatos que estão saindo.
Podem ir [para outra central]."
"Se o Lula não cumprir o que
prometeu, combater o desemprego, criar 10 milhões de postos de
trabalho, recuperar o poder aquisitivo e mudar a política econômica, o que vai acontecer é a saída de
sindicatos da CUT", diz o presidente da Força.
Na opinião de Paulinho, entretanto, o relacionamento entre as
duas centrais -CUT e Força-
nunca esteve tão bom. "Estamos
afinados na reforma sindical."
Migração rural
A migração de sindicatos independentes ou vindos de centrais
concorrentes para a CUT tem sido mais intensa na área rural. A
Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de
São Paulo (Feraesp), ligada à
CUT, deve receber a filiação de 20
sindicatos ainda neste mês.
A ida desses sindicatos à federação ocorreu por dois motivos. Primeiro, porque a Feraesp ganhou
na Justiça o direito de representar
os assalariados rurais. Até então, a
Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de
São Paulo) era a representante na
região de trabalhadores e produtores rurais. O segundo motivo foi
a afinidade política com a central.
"O movimento sindical passa
por uma forte disputa", afirma
Élio Neves, presidente da Feraesp.
"Inegavelmente, a CUT tem
maior importância no atual governo do que tinha no anterior,
até porque as lideranças do PT
vieram da central. Isso serve de
motivação para os sindicalistas.
Eles acreditam que indo à CUT
estarão mais próximos das benesses do governo. Eu não acredito
nisso. Se algum sindicalista estiver pensando assim, vai dar com
os burros n'água", afirma Neves.
Fusão?
A mudança que ocorre na base
do movimento sindical -com os
sindicatos e federações de trabalhadores- pode chegar ao topo,
com a união de centrais sindicais.
São sete hoje as centrais que
atuam no país -CUT, Força,
CGT (Confederação Geral dos
Trabalhadores), CGTB (Central
Geral dos Trabalhadores do Brasil) , CAT (Central Autônoma dos
Trabalhadores), SDS (Social Democracia Sindical) e CBTE (Central Brasileira dos Trabalhadores
e Empreendedores).
A Folha apurou que a primeira
unificação pode ocorrer entre a
CUT e a CGTB. A entidade informa reunir atualmente 625 sindicatos filiados. Juntos, eles representam cerca de 1,2 milhão de trabalhadores no país.
Antonio Neto, presidente da
CGTB, nega oficialmente a união,
mas defende a existência de uma
única central sindical no Brasil.
Também admite ser "mais afinado com a CUT" do que com as demais centrais.
(CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)
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