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CUT pedirá doação de alimentos a vítimas da seca; empresas poderão comprar cotas de patrocínio do show
Central diz buscar 1º de Maio "social"
DA REPORTAGEM LOCAL
O objetivo da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), ao optar por uma comemoração no 1º
de Maio de 2004 que pretende
reunir milhares de pessoas, é ampliar o direito à "cidadania", promover a inclusão social e pôr fim
de vez à fama de radical, informam dirigentes da central.
"Não há mudança de ideologia,
nem queremos disputar público
com as demais centrais. Já fazíamos eventos com artistas e intelectuais mais ligados à esquerda",
afirma o presidente da CUT-São
Paulo, Edílson de Paula.
"Optamos por realizar no próximo ano atividades voltadas para
a área social", afirma o sindicalista. Uma das idéias em estudo é
que, durante a festa do 1º de Maio,
a central solicite a doação de alimentos não-perecíves a serem
destinados às pessoas atingidas
pela seca da região Nordeste.
As ações voltadas para cidadania devem começar no dia 4 de
abril, com eventos espalhados em
quatro regiões de São Paulo. Uma
vez por semana, a CUT planeja
realizar 300 mil atendimentos à
população -eles incluem prestação de serviços médicos, orientação na área de meio ambiente, atividades relacionadas à cultura,
ciência e tecnologia, retirada de
documentos, entre outros. Para
isso, haverá participação de voluntários, entidades da sociedade
civil e governo, além de cerca de
3.500 temporários que devem ser
contratados. O público estimado
é de 800 mil pessoas.
"A central escolheu ações voltadas para a cidadania em vez de fazer sorteios, como os que ocorrem nas comemorações da Força
Sindical", diz o marqueteiro André Guimarães, que prestou serviços à Força durante seis anos. Sua
empresa, a Fun Prime Promoções
e Eventos, funcionava na sede da
Força até dois meses atrás.
Sobre o fato de a central adotar a
mesma estratégia da Força para
bancar os custos com o 1º de Maio
-a venda de cotas de patrocínio-, o presidente da CUT-SP
afirma que isso "não afeta as bandeiras da central".
"Vamos continuar lutando por
emprego, salário, distribuição de
renda, reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores. O patrocínio virá de empresas socialmente responsáveis, que já disponibilizavam recursos para publicidade", afirma o sindicalista.
"É claro que não vamos fazer
parceria com quem não recolhe o
FGTS [Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço] ou emprega
trabalho escravo", diz de Paula.
Aumento nas filiações
A migração de sindicatos para a
CUT já era prevista, avalia Luiz
Marinho, presidente da entidade.
"Muitos sindicatos que não eram
ligados a uma central não querem
ficar isolados em um momento
em que se debate mudanças na
estrutura sindical", diz.
Para ele, a disputa entre as centrais será "natural, legítima e tranquila". "A procura [para fazer
parte da CUT] aumentou e tende
a crescer". Mas ele ressalta que há
critérios para a filiação.
"O sindicato interessado [em se
filiar] tem de fazer assembléia
com a sua categoria, além de apresentar atas e documentos que legitimem essa decisão." Após essa
etapa, explica, o pedido será analisado. Se houver o compromisso
de obedecer as regras e as exigências determinadas pela entidade
-como a contribuição de 10% do
orçamento do sindicato para a
central-, o sindicato passa a integrar o quadro da CUT.
Na opinião de Marinho, as mudanças no movimento sindical
tendem a ser mais intensas entre
os sindicatos e as federações de
trabalhadores do que entre as sete
centrais sindicais que existem hoje no sistema sindical brasileiro.
"A existência de apenas uma
central é um sonho que não existe. A tendência no Brasil é que
existam, no máximo, quatro centrais após a reforma. Uma estrutura parecida à que existe na Espanha", afirma.
(CR e FF)
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