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Bovespa seguirá "sofrendo", diz analista
Segundo especialista, apesar de "bons fundamentos", Brasil não está imune a desaquecimento nos Estados Unidos
O economista Ramón Aracena, do Instituto de Finanças Internacionais, identifica maior resistência brasileira a choque externo
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Ramón Aracena, especialista em Brasil no
IIF (Instituto de Finanças Internacionais, que reúne uma
rede de 375 instituições financeiras no mundo), afirma que a
Bolsa brasileira continuará "sofrendo", no médio prazo, as
conseqüências do desaquecimento nos Estados Unidos, que
deve se prolongar durante o
próximo ano.
"Nunca acreditei na tese do
descolamento. O fato é que algumas economias emergentes,
como a brasileira, estão mais
resistentes a choques externos.
O que acontece é que quando a
Bolsa de Nova York apresenta
um desempenho negativo, como tem ocorrido, há contágio
em todos os outros mercados
emergentes. Todos acabam se
molhando nessa chuva."
Aracena diz que, embora o
Brasil apresente "bons fundamentos, grandes reservas internacionais e credibilidade", o
país "não está imune".
"Note que, no início do ano,
bem em meio à crise de crédito
nos Estados Unidos, a Bolsa
brasileira estava subindo. Mas,
neste momento, há um temor
maior de que haja um esfriamento econômico em nível
mundial, e isso está afetando a
performance de todas as Bolsas. Enquanto a economia
mundial estiver diante dessa
perspectiva, as Bolsas vão sofrer", disse.
"No fundo, o problema é que
os investidores estrangeiros estão nervosos com a queda dos
preços das commodities. Como
a Bolsa brasileira é muito dependente deles [43% do Ibovespa está atrelado ao setor de
commodities], o mercado está
sofrendo. O estresse atual na
Bolsa não é problema apenas
do Brasil. Está acontecendo em
quase todos os mercados mundiais, emergentes ou não. O
contágio é geral."
Aracena afirma que o IIF deve divulgar nas próximas semanas uma revisão, para baixo,
das perspectivas de crescimento da economia brasileira, especialmente em decorrência do
"contágio" vindo dos EUA.
"Para os EUA, 2009 será um
ano complicado. O principal é
solucionar os problemas atuais
no sistema de crédito. Mas o fato é que ninguém sabe ao certo
o que deve acontecer no país ou
nas outras economias industrializadas", afirma Aracena.
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