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Pressão menor de alimentos reduz inflação
IPCA fecha julho em 0,53%, contra 0,74% no mês anterior, mas analistas ainda não vêem mudança na política de juros
Alta do grupo alimentação cai de 2,11% em junho para 1,05% no mês passado, embora preço da carne siga em forte alta, de 4,35%
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação medida pelo IPCA
recuou para 0,53% em julho em
razão da menor pressão dos alimentos. Em junho, o indicador
teve alta de 0,74%. Apesar do
alívio na alta de preços, o IBGE,
assim como o Banco Central,
diz que ainda é cedo para dizer
se o resultado configura uma
tendência de desaceleração.
Assim como o IPCA, que baliza a meta de inflação do BC, outros índices de preços estão desacelerando. Mas a maioria dos
economistas ouvidos pela Folha diz que o menor fôlego da
inflação não altera, por enquanto, a política de juros do
BC, que está preocupado com
efeitos da demanda aquecida.
O grupo alimentação e bebidas passou de 2,11% de alta em
junho para 1,05% em julho no
IPCA. Mesmo com uma alta
mais moderada, os alimentos
tiveram contribuição de 0,24
ponto e representaram quase
metade da inflação de julho.
Produtos importantes no
consumo das famílias tiveram
queda, como arroz (de 9,90%
em junho para -0,51%) e farinha de trigo (de 2,37% para
-1,75%). Já as carnes seguem
em alta, de 4,35%, menor, no
entanto que os 6,91% de junho.
No ano, os alimentos já acumulam alta de 9,78%, quase o
mesmo patamar registrado de
janeiro a dezembro do ano passado, de 10,79%. Nos sete primeiros meses do ano, a refeição
fora de casa representou a principal contribuição para a alta da
inflação, com alta de 9,84%.
"Ainda é precipitado tirar
conclusões sobre esse movimento, que aconteceu de um
mês para o outro. Algumas medidas ajudaram, como a retirada do imposto sobre o trigo. E o
anúncio da safra agrícola também podem ter tido alguma repercussão", afirma Eulina Nunes dos Santos, coordenadora
de Índices de Preços do IBGE.
Os analistas afirmam que a
tendência de inflação mais
comportada deve se manter
nos próximos meses, mas que
ainda há risco de a inflação fechar o ano acima da meta, de
4,5% com margem de dois pontos percentuais para cima ou
para baixo. Em abril, o BC iniciou um processo de aumento
dos juros para tentar manter a
inflação dentro dos parâmetros
definidos para este ano. A taxa
básica está hoje em 13% ao ano.
"O resultado foi um pouco
melhor, mas temos reajustes de
preços administrados previstos
para o segundo semestre e
perspectiva de alta dos combustíveis. Esperamos fechar o
ano com 6,8%. Já existem sinais de que a atividade está se
desacelerando, mas isso só deverá ficar mais claro no fim do
ano", diz Fábio Romão, da LCA.
Os dados do IBGE mostram
que a inflação no ano chega a
4,19%. Nos últimos 12 meses,
acumula alta de 6,37%. "A notícia foi boa, mas o BC está de
olho nos dados de demanda, como vendas de automóveis. De
qualquer forma, ajuda a estabilizar as expectativas inflacionárias", afirma Alexandre Lintz,
estrategista do BNP Paribas.
Para Pedro Paulo Silveira,
economista-chefe da Gradual
Corretora, se o cenário de inflação se mantiver em desaceleração até a próxima reunião do
Copom, em 9 e 10 de setembro,
o Banco Central poderá fazer
aumentos mais suaves dos juros. "O crescimento da demanda será cada vez menor na margem, a inflação pode ainda fechar dentro da meta", disse.
Anteontem, Mário Mesquita,
diretor de Política Monetária
do BC, foi cauteloso: "É bom
que a gente não tenha sempre
surpresas negativas com a inflação, mas pode ser prematuro
dizer que os últimos números
estabelecem uma tendência".
Para o resultado de agosto estão previstas pressões com o
aumento de água e esgoto no
Rio, de 12,8%, resíduos do aumento do telefone fixo (3%) e
da energia elétrica em São Paulo (8,63%), além da alta de 7,5%
nos serviços dos Correios.
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