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Governo elogia socorro dado a financeiras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A operação de socorro das
duas gigantes hipotecárias
dos EUA foi elogiada, ontem,
por representantes do governo do PT, partido que tradicionalmente criticou o uso
de recursos públicos para
salvar instituições financeiras com problemas de caixa,
como aconteceu no Brasil, na
década de 1990, com o Proer.
"É o pragmatismo responsável", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda),
quando questionado sobre a
operação. "Há um sério problema de risco sistêmico
[nos EUA]. Se [o governo
norte-americano] deixar a
economia degringolar, afetará não só os Estados Unidos,
mas a União Européia, o Japão, tudo. O Brasil está fora."
Ao lado da ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) e dos
presidentes do BC, Henrique
Meirelles, do BB, Antônio
Francisco de Lima Neto, e da
CEF, Maria Fernanda Ramos Coelho, Mantega abriu
ontem seminário em Brasília
para comemorar os 200 anos
do Ministério da Fazenda.
O destaque dos discursos
na festa, porém, foi a operação do governo americano,
que, para muitos dos economistas presentes, representa
o fim do neoliberalismo.
"É uma medida bem-vinda
para manter a estabilidade
mundial", disse Nelson Barbosa, secretário do Ministério da Fazenda. "Desmistifica a idéia de que mercados livres sempre levam ao melhor resultado", completou.
Dilma considerou a medida correta, mas ironizou a
contradição entre o comportamento do governo dos
EUA, que saiu em socorro às
duas gigantes do setor imobiliário, e o discurso normalmente feito para países em
desenvolvimento deixarem o
mercado se ajustar.
"Essa história de neoliberalismo só vale para nós [países emergentes]. Nunca houve neoliberalismo no mundo
capitalista desenvolvido,
nem nos EUA, nem na Europa Ocidental, nem no Japão.
O neoliberalismo é uma política para países em desenvolvimento", disse.
A economista do PT Maria
da Conceição Tavares disse
que "é fantástico que o país
[mais] liberal do mundo tenha que estatizar". "Enterraram o neoliberalismo de uma
maneira trágica. Custou uma
fortuna. O nosso Proer foi
mais baratinho", disse.
Para o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, a crise financeira
que o mundo vive hoje mostra a necessidade de renovar
o papel do Estado.
Já o secretário do Tesouro
Nacional, Arno Augustin,
disse que o resgate contribuirá para a redução da volatilidade nos mercados financeiros. "O que sempre é positivo também para o nosso gerenciamento doméstico",
afirmou em conferência telefônica com investidores
Com a Reuters
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