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agrofolha
Cooperativas do PR formam consórcio para ter insumos
Coonagro, a ser criado neste mês, reunirá 21 entidades para cooperação mútua
Objetivos principais são
aquisição, formulação
e fabricação de insumos,
inclusive fertilizantes,
usados pelos produtores
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Os custos de produção passaram a corroer a renda dos produtores nos últimos anos. Fertilizantes, agroquímicos e biotecnologia estão sendo os grandes freios do rendimento no
campo, que já sofre os efeitos
da desaceleração do dólar, base
da comercialização dos produtos brasileiros.
Para implementar as atividades do agronegócio e assegurar
melhores ganhos aos produtores, um grupo de 21 cooperativas do Paraná está se unindo e
formando um consórcio de
cooperação mútua.
Investimentos, pesquisas e
desenvolvimento de novas técnicas agrícolas e de comercialização estão entre os objetivos
comuns dessas cooperativas,
segundo informações obtidas
pela Folha.
Esse movimento das cooperativas está em sintonia com as
preocupações do governo, que
diz que o agronegócio brasileiro é muito dependente de poucas empresas multinacionais,
responsáveis tanto pelo fornecimento de insumos como pela
compra e exportação dos grãos
produzidos no país.
O ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes, já chegou
a acusar a existência de cartel
em alguns setores do agronegócio. Na avaliação dele, que já
foi secretário de Agricultura do
Paraná, o país deve buscar uma
maior produção interna de insumos, reduzindo a dependência das importações.
Alta, o estopim
O consórcio, que terá o nome
de Coonagro (Consórcio Nacional Cooperativo Agropecuário) e deve ser criado oficialmente neste mês, espera a entrada de novas cooperativas no
futuro.
O estopim na formação desse
consórcio foi a forte aceleração
dos preços dos fertilizantes,
que tiveram alguns componentes dobrando de preço nos últimos 12 meses.
Mas o consórcio não quer se
limitar apenas a fertilizantes e
deverá coordenar e desenvolver métodos de aquisição, formulação, fabricação e comercialização de vários insumos
agrícolas.
Para aumentar escala e diminuir custos, o Coonagro fará
também mão dupla no comércio externo. Ao mesmo tempo
em que exportará produtos de
origem das cooperativas, fará
importações diretas de defensivos agrícolas e outros insumos
utilizados pelos produtores.
A união dessas cooperativas
dará também ao grupo escala
para aquisição e desenvolvimento de produtos de biotecnologia.
Além de produtos específicos
para o plantio e desenvolvimento de lavouras, o consórcio
se voltará também para o fornecimento de produtos destinados ao uso veterinário, devido à forte presença de produtores de carnes em algumas das
áreas das cooperativas.
O consórcio vai atuar, ainda,
em um dos pontos de estrangulamento do agronegócio, o de
logística e de transportes. A
operação conjugada do grupo
deve facilitar as operações e reduzir custos nas movimentações internas e externas.
Para agilizar essas ações,
principalmente pelo ineditismo de algumas operações, o
consórcio pretende firmar convênios com entidades públicas
ou privadas para melhor atingir
os objetivos.
Um dos pontos fortes dessa
união das cooperativas deve ser
a busca de crédito para as operações financeiras, industriais
e de comercialização do grupo,
além do fornecimento de crédito aos produtores.
Poder de barganha
Ao ganhar corpo, o grupo terá maior poder de barganha na
obtenção desses recursos, tanto com empresas nacionais como estrangeiras. O consórcio
tem ainda, entre os objetivos,
trazer investimentos de risco
para as operações do grupo.
Essas parcerias, feitas com
empresas nacionais ou estrangeiras de fôlego, colocariam o
consórcio na produção de insumos utilizados pelo setor.
As 21 cooperativas que participam do consórcio são responsáveis por 60% do faturamento
dessas entidades paranaenses.
O faturamento total das cooperativas paranaenses deve atingir R$ 20 bilhões neste ano.
As 21 cooperativas que formarão o Coonagro criarão uma
22ª cooperativa, que administrará o consórcio.
Após a forte aceleração dos
preços, os insumos são os principais fatores de pressão no
bolso dos produtores atualmente, representando 70% dos
gastos totais com a lavoura.
Entre as maiores pressões
estão os fertilizantes, que representam 25% do custo total
das lavouras de milho no Paraná. No caso do trigo, o percentual é de 22%; no da soja, 20%.
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