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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Bolsa não é termômetro, afirma Loyola
Depois de mais um dia de incertezas, a Bolsa no Brasil voltou a cair ontem 4,5%, deixando no ar muitas dúvidas em relação ao rumo que a crise financeira global irá tomar. Recebido com euforia na segunda, o
pacote de socorro do Tesouro
americano às agências de hipotecas imobiliárias americanas
Fannie Mae e Freddie Mac acabou se mostrando insuficiente
para reverter o clima pessimista do mercado.
O ex-presidente do Banco
Central Gustavo Loyola, sócio
da Tendências, chama a atenção, no entanto, para o fato de
que a Bolsa não deve servir de
termômetro para avaliar a saúde da economia brasileira. O
importante, a seu ver, é que se
olhe para a macroeconomia. A
Bolsa sofre forte influência do
comportamento das ações de
empresas ligadas a commodities, a exemplo de Petrobras e
Vale. "A Bolsa não é o espelho
da economia brasileira", diz.
Para Loyola, o mais importante é olhar para outros números, como os do crescimento
da economia. Hoje, por exemplo, o IBGE divulga o resultado
do PIB do segundo trimestre
deste ano e as previsões são otimistas. O mercado estima crescimento de 5,2% em relação ao
segundo trimestre de 2007 e de
1% em comparação ao período
de janeiro a março de 2008.
A partir do segundo semestre, o PIB deverá sofrer um processo de desaceleração em razão da crise global e também
pelo fato de o Banco Central ter
elevado os juros a partir de
abril, mas Loyola não acha que
será uma queda forte. Sua previsão é que o país cresça cerca
de 5% neste ano e 4,5% em
2009. O Brasil, a seu ver, não
vai crescer abaixo de 3,5%.
Para Loyola, esse pessimismo dos mercados ontem se deve ao fato de ainda existir muita
incerteza em relação ao futuro
da crise. Enquanto não houver
percepção mais clara principalmente sobre a trajetória da economia americana, o ex-BC acha
que a instabilidade continuará.
Ontem, o quadro ainda se
agravou com as incertezas em
relação ao futuro do Lehman
Brothers depois de serem encerradas as negociações com o
banco estatal sul-coreano Korea Development Bank. As
ações do Lehman Brothers caíram quase 50%. Loyola, porém,
não está pessimista. Acha que a
economia mundial crescerá
menos, mas não enxerga nenhuma catástrofe pela frente.
"As perdas serão digeridas."
VIZINHANÇA
O jornalista Ricardo Lessa
lança o livro "Brasil e Estados Unidos: O que Fez a Diferença" (editora Civilização
Brasileira, 160 págs). Lessa
analisa a formação dos países e as diferenças históricas
e de mentalidade entre o
Brasil e os Estados Unidos.
O autor compara os processos de colonização, a ocupação da terra e a independência dos países. Para o autor, a
abolição tardia da escravidão é um dos principais fatores que explicam a desvantagem do Brasil ante os EUA.
CASO ENRON
ADVOGADOS DE INVESTIDORES RECEBERÃO US$ 688 MI
Os advogados dos investidores da Enron devem receber
US$ 688 milhões em honorários por terem conseguido recuperar mais de US$ 7,2 bilhões dos bancos, empresas de auditoria e diretores da companhia, conforme determinou uma
juíza federal dos EUA, segundo a Bloomberg. Trata-se dos
maiores honorários já pagos em casos de fraude com valores
mobiliários. Os investidores da Enron solicitavam judicialmente mais de US$ 40 bilhões para cobrir seus prejuízos.
ESTUDANTE
A empresa de engenharia e desenvolvimento de software
Chemtech dobrou seu investimento em treinamento interno
e externo neste ano, chegando a cerca de R$ 5 milhões, que
representam 5% do faturamento. A busca por engenheiros
não vai parar, segundo Luiz Eduardo Rubião, diretor-geral
da empresa, que tem mil funcionários, sendo 85% engenheiros. Hoje, seus principais projetos são atuações na refinaria
Abreu e Lima, do Nordeste, e no Complexo Petroquímico do
Rio. "Por isso temos investido muito nas relações com universidades." A empresa vai realizar, dentro da feira Rio Oil
& Gas, na próxima semana, a final de sua maratona de engenharia -competição entre alunos de 18 universidades.
TERRITÓRIO
A Lawson Software, fornecedora norte-americana
de software de gestão empresarial, está estruturando
atuação direta na América
Latina, com escritórios em
São Paulo, México e Chile.
Está hoje em São Paulo
Brian Sterrett, vice-presidente da empresa para a AL.
A expectativa é que a região
responda por 5% do faturamento em 2011. Hoje o número é menor que 1%.
CONHECIMENTO
A Fundação Lemann, o
IFB (Instituto Futuro Brasil) e o Ibmec-SP realizam,
amanhã, o seminário "Conhecimento e inovação para
competitividade no Brasil",
que debaterá estudo do pesquisador Alberto Rodriguez,
do Banco Mundial. O trabalho mostra os desafios do
país para geração de riqueza
a partir da inovação e da economia do conhecimento.
NA LINHA
A linha de financiamento
Banco do Brasil Giro Empresa Flex registrou, no início do mês, saldo utilizado
de R$ 5 bilhões. O produto é
destinado a pessoas jurídicas com faturamento superior a R$ 2,1 milhões/ ano e
que tenham, no mínimo, 12
meses de atividade. Cerca de
12,8 mil clientes são atendidos, com contratos que ultrapassam R$ 6,4 bilhões.
HOLA
A Apex-Brasil organizará,
na próxima semana, uma rodada de negócios entre empresários brasileiros e cubanos e um seminário sobre
oportunidades de comércio.
As iniciativas são uma prévia
aos interessados em participar da 26ª Feira Internacional de Havana, de 3 a 8 de
novembro. Entre os focos,
estão alimentos, casa e construção, máquinas e equipamentos e tecnologia e saúde.
Preço no varejo cai em agosto, diz Fecomercio
A Fecomercio SP divulga
hoje que o IPV (Índice de
Preços no Varejo) caiu 0,07%
em agosto. É a primeira queda desde fevereiro. Dos 21
grupos de produtos analisados, 9 tiveram deflação. Em
12 meses, o IPV subiu 5,60%
e, neste ano, 3,87%.
Julia Ximenes, assessora
econômica da Fecomercio,
diz que é cedo para falar em
desaceleração de preços. "Só
nove grupos tiveram deflação e os índices acumulados
em 12 meses ainda são altos."
Os preços nos supermercados, no segmento de vestuário, tecidos e calçados e
nas feiras ajudaram a diminuir a pressão em agosto,
com quedas de 0,19%, 0,36%
e 1,38%, respectivamente.
Alimentos "in natura", no
entanto, continuam pressionados pela alta das commodities e por questões sazonais. Carnes suínas, tubérculos, produtos de beleza, frutas e aves registraram incremento de 2,02%, 3,09%,
3,26%, 3,98% e 6,09%.
Os materiais de construção subiram 1,08% no período -foi a 14ª elevação seguida do setor, que acumula alta
de 19,91% se comparado ao
mesmo mês do ano passado.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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