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Analista vê "pânico" no mercado americano
DA REDAÇÃO
As persistentes preocupações com os bancos e com o
mercado imobiliário dos EUA
retiraram das Bolsas, pelo menos ontem, o fôlego do plano de
socorro do governo americano
para as duas grandes empresas
de financiamento imobiliário, a
Fannie Mae e a Freddie Mac.
Além disso, a queda no preço do
petróleo elevou o temor de desaceleração global.
Com as ações de bancos registrando os maiores recuos, o
índice Dow Jones, o principal
da Bolsa de Nova York, caiu
280,01 pontos (queda de
2,43%) e perdeu praticamente
todos os ganhos do dia anterior,
quando avançou 289,78 pontos. Já o S&P 500 (mais amplo,
que reúne 500 grandes empresas americanas) se desvalorizou em 3,41%, a maior queda
desde fevereiro de 2007.
As ações do Lehman Brothers caíram 44,95% e atingiram seu menor nível desde
1998, com o rumor de que fracassaram as negociações com o
banco de desenvolvimento do
governo sul-coreano para comprar uma parte da instituição.
Com as pressões, o banco antecipou para hoje o balanço do
terceiro trimestre fiscal -marcado anteriormente para semana que vem- e disse que anunciará "medidas estratégicas importantes". Estima-se que o
banco terá perdas de até US$ 4
bilhões no trimestre.
Desde que o Bear Stearns foi
adquirido pelo JPMorgan, no
fim de março, o Lehman Brothers (que perdeu US$ 2,8 bilhões no segundo trimestre) é
constantemente apontado como a próxima instituição a cair.
Mas a preocupação não ficou
restrita ao Lehman Brothers,
com as ações de outros bancos,
como Washington Mutual, Wachovia e Citigroup, tendo quedas expressivas.
"As pessoas estão correndo
em busca de segurança", disse
Frank Ingarra, gerente de portfólio da Hennessy Advisors. "É
simplesmente pânico. Todo
mundo está com medo de ser
pego em uma situação como a
de um Bear Stearns."
Analistas aprovam a ajuda do
governo, mas afirmam que
muitos problemas da economia
não foram contemplados no
plano de resgate. "Voltamos
mais uma vez aos fundamentos
[econômicos]", disse Denis
Amato, da Ancora Advisors.
Segundo ele, o plano de socorro do governo Bush "não
cria prosperidade". "Só porque
você fez algumas mudanças financeiras não significa que a
economia ficará melhor de
uma hora para outra."
Para Phil Orlando, da Federated Investors, existe um temor crescente de que a ajuda a
Fannie Mae e Freddie Mac
"não resolve o aperto no crédito, não cria empregos, não soluciona o gasto do consumidor.
Existem questões estruturais e
de fundamentos econômicos
que continuam e vão levar de 12
a 18 meses até que esses problemas fiquem para trás".
Já o setor imobiliário (epicentro da crise atual) sofreu
mais um abalo, com as vendas
pendentes de casas recuando
mais que o esperado. A comercialização dessas residências
(que é quando o vendedor aceitou a oferta, mas o negócio não
foi ainda fechado) caiu 3,2% em
julho ante o mês anterior -o
recuo em 12 meses é de 6,8%. A
Associação Nacional de Corretores disse ainda que a venda de
casas nos EUA caminha para
cair 11% neste ano.
O setor petrolífero também
teve as suas ações afetadas, com
a queda do preço do barril e a
expectativa de que a Opep (cartel que produz 40% da oferta
mundial) mantivesse a sua produção. Companhias como Valero, ExxonMobil e Chevron tiveram recuos expressivos.
Também ontem o Escritório
de Orçamento do Congresso
elevou em US$ 20 bilhões, para
US$ 407 bilhões, a sua estimativa de déficit federal dos EUA
no atual ano fiscal (que termina
neste mês). A entidade, porém,
ressalta que o cálculo não leva
em conta o socorro a Fannie
Mae e Freddie Mac.
Com agências internacionais
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