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Folhainvest
Aluguel de ações é opção em período ruim da Bolsa
Assim como ocorre com imóveis, papéis podem ser locados para outro investidor
Mercado movimentou mais de R$ 220 bi entre janeiro e julho, contra a cifra recorde de R$ 272 bi registrados
em todo o ano passado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste período de queda generalizada na Bolsa de Valores,
o investidor pode encontrar alternativas para tentar minimizar seus prejuízos. Uma boa
oportunidade pode ser o aluguel de ações. Da mesma forma
que uma pessoa pode alugar
um imóvel que não está utilizando, uma ação é passível de
ser locada a outro investidor.
Quem aluga sua ação recebe
em troca uma taxa de juros, que
varia bastante. Essa taxa é livremente pactuada entre os investidores. Há casos em que o
aluguel fica abaixo de 1%, e outros em que supera os 10%
anuais, dependendo da procura
que houver pelo papel.
Esse mercado teve uma expansão muito significativa nos
últimos anos. No fim da década
de 90, os giros com essas operações não eram tão expressivos
-em 1999, foi movimentado
R$ 1,57 bilhão com o aluguel de
ações. Mas desde 2004 os montantes cresceram consideravelmente, atingindo no ano passado a cifra recorde de R$ 272,47
bilhões. Neste ano, até julho, já
houve R$ 222,29 bilhões em
ações alugadas, segundo dados
pertencentes à CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e
Custódia).
Para colocar sua ação disponível para locação, o investidor
deve primeiramente procurar a
corretora ou o banco por meio
do qual costuma realizar suas
operações no mercado acionário. Após isso, a instituição financeira entra em contato com
a CBLC, que, por meio do banco de títulos que mantém, faz a
intermediação entre as partes
interessadas.
O banco de títulos da CBLC é
como uma vitrine, na qual são
expostas as ações que estão disponíveis para locação e os investidores que querem adquirir
os papéis. Dessa forma, é possível casar e concretizar as operações de locação.
"É uma operação interessante para aqueles que vão manter
as ações no longo prazo. Para a
pessoa física, o melhor é entrar
na ponta doadora. Na ponta tomadora, a operação fica mais
complicada", afirma Rodrigo
Bresser-Pereira, sócio-diretor
da Bresser Asset Management.
"Esse mercado ainda vai continuar crescendo, sem dúvida",
diz Bresser-Pereira.
Nesse tipo de operação, o investidor pode atuar tanto na
ponta doadora, disponibilizando suas ações, como na tomadora, locando papéis. O negócio
sempre tem um prazo de vencimento, que é quando o tomador devolve a ação que alugou.
A pessoa física tem uma participação relevante na ponta
doadora. Em junho, a categoria
respondeu por 23,57% do total
nesse segmento. Já na ponta
tomadora, a sua participação é
limitada, ficando em apenas
2,22% do total. Quem mais toma papéis alugados são os fundos, que respondem por
40,22% do total. Logo atrás
aparecem os investidores estrangeiros, com 36,59%.
Se o pequeno investidor tiver
uma quantidade muito pequena de ações, poderá encontrar
mais dificuldades para conseguir colocá-las no mercado para alugar. Por isso, é relevante
sempre se informar antes na
corretora com a qual opera. Os
fundos, que são os maiores tomadores, costumam demandar
lotes grandes de ações. Mas
sempre há a possibilidade de a
corretora juntar papéis de vários aplicadores para montar
um lote maior.
Para quem está na ponta doadora, não há o risco de perder a
sua ação. Além de a CBLC intermediar as operações, o tomador tem que realizar um depósito, chamado de margem de
garantia, como forma de proteger o negócio.
Muitas vezes quem aluga
uma ação está precisando dela
apenas para o curto prazo. Se o
tomador precisa entregar a outro investidor uma ação que ele
não tem, poderá alugá-la e resolver esse problema. Depois,
compra outra para devolver. E,
caso o momento da Bolsa de
Valores seja de queda -como o
atual-, ele poderá até conseguir um papel igual por um preço menor no mercado na hora e
devolvê-lo ao doador quando a
operação vencer.
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