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Consumo das famílias tem expansão de 6,7% no 2º tri
Aumento da massa salarial e do crédito alimenta crescimento pelo 19º trimestre
Analistas esperam desaceleração do consumo só a partir dos últimos três meses do ano, com efeito da alta dos juros pelo BC
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
O consumo das famílias se
manteve aquecido e registrou
alta de 6,7% no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado. Esse é o
19º trimestre seguido de expansão nessa base de comparação.
Segundo analistas, a perspectiva é que nos próximos trimestres o consumo já comece a dar
sinais de desaceleração por
conta da alta de juros promovida pelo Banco Central desde
maio.
Em relação ao primeiro trimestre, a alta no consumo das
famílias foi de 1%.
"O consumo tem se mantido
em ritmo acelerado desde o ano
passado. Ele está crescendo
acima do PIB", afirma Rebeca
Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.
Para o instituto, a expansão
do consumo foi motivada principalmente pelo aumento da
massa salarial.
No segundo trimestre, a massa salarial dos brasileiros teve
alta de 8,1%. Além disso, o crédito farto e os prazos longos de
pagamento dos empréstimos
contribuíram para a expansão.
Houve crescimento de 32,9%
no saldo de operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas.
No primeiro semestre, o consumo das famílias registrou alta de 6,7%. Na avaliação do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial),
os dados mostram que o consumo "conserva uma evolução
que, sem ser explosiva, é alimentadora das decisões de investimento dos empresários".
Para o instituto, ligado à indústria, o ritmo de crescimento
do país é equilibrado e os resultados desmentem a tese de que
a economia brasileira poderia
estar em um processo perigoso
de aceleração, que levaria a
uma ameaça do controle da inflação e justificaria forte alta
nos juros.
No fim do ano passado, o ritmo mais acelerado de crescimento do consumo das famílias
levou o Banco Central a se
preocupar com a possibilidade
de um superaquecimento da
economia. No quarto trimestre
de 2007, o consumo teve alta de
8,6% em relação a igual período
do ano passado. No primeiro
trimestre, a alta foi de 6,6%.
Desde maio, o BC tem promovido elevações na taxa básica de
juros.
Desaceleração
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-diretor do BC, mesmo
com a perspectiva de desaceleração no consumo no final do
ano, a tendência é de um crescimento da economia de pouco
mais de 5% neste ano.
"Não dá mais tempo de ter
uma desaceleração significativa neste ano", disse.
Para o próximo ano, com a
continuidade da política de elevação dos juros do BC, Freitas
prevê uma desaceleração para
3,5% a 4%. "O aumento dos juros que o BC está promovendo
não surtiu efeito ainda, mas esse cenário não deverá continuar assim no próximo ano",
disse.
Segundo Freitas, existem sinais de desaceleração na ponta
no comércio, além dos efeitos
de um menor crescimento da
economia mundial.
Segundo Braulio Borges, economista da LCA, as vendas de
veículos já começam a dar sinais de arrefecimento em agosto. "No quarto trimestre, já começa a haver impacto da política de juros, que leva normalmente de seis a nove meses para começar a influenciar o nível
de atividade. Deverá ser o pior
momento para a economia neste ano", disse.
Para Borges, ainda é difícil
mensurar o impacto da desaceleração da economia mundial,
mas os efeitos deverão ser percebidos primeiro nas exportações e depois no consumo.
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