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Petróleo cai apesar de corte na produção
Redução anunciada pela Opep foi considerada modesta, e analistas prevêem que o preço do barril continuará a recuar
Levantamento mostra que investidores venderam cerca de US$ 39 bi em contratos futuros do produto desde o pico, em julho, até este mês
DA REDAÇÃO
O preço do barril de petróleo
voltou a cair ontem, apesar da
decisão da Opep (Organização
dos Países Exportadores de Petróleo) de diminuir a oferta global do produto e da queda nos
estoques norte-americanos na
semana passada devido ao furacão Gustav. A valorização do
dólar e a previsão de queda na
demanda mundial de petróleo
tiveram impacto maior que a
decisão do cartel na cotação.
Em Nova York, a cotação do
barril continuou a se aproximar da marca de US$ 100, caindo 0,66% e terminando o dia
valendo US$ 102,58. A última
vez que o petróleo ficou abaixo
de três dígitos no mercado dos
EUA foi em 4 de março, quando
foi cotado a US$ 99,52. Em
Londres, o Brent terminou o
pregão valendo menos de US$
100, o que não ocorria em mais
de cinco meses. O barril se desvalorizou em 1,37%, cotado a
US$ 98,97 no final do dia.
A decisão da Opep de cortar a
sua produção diária em pouco
mais de 500 mil barris, para
28,8 milhões de barris, foi considerada modesta por analistas.
Além disso, pesou contra o histórico do cartel, responsável
por 40% da oferta mundial, o
fato de não cumprir suas metas
de produção -a promessa
atual, reiterada anteontem, foi
estabelecida há um ano, mas
não foi seguida pelo grupo. E a
Arábia Saudita, principal produtora mundial, indicou que
não reduzirá a oferta, mas não
deverá anunciar isso publicamente para não entrar em conflitos com os demais membros.
"O que eles estão dizendo é
"estivemos trapaceando durante o último ano". Eu não acredito que os mercados vão levar isso [corte na produção da Opep]
a sério", afirmou o analista e
corretor Stephen Schork. "Eu
acredito que o espírito geral é o
de que os preços caiam."
Antoine Halff, analista da
Newedge USA, também prevê
que o barril continuará a se desvalorizar. Para ele, o "pânico"
dos ministros da Opep "é o testamento de quão fraco o mercado se tornou. E é provável que
ele fique ainda mais fraco".
O próprio presidente da
Opep, o argelino Chakib Khelil,
afirmou, após a decisão do cartel, que o corte não deveria ter
muito impacto nos preços devido à desaceleração da economia mundial, que deve reduzir
o consumo. "O meu pressentimento é que os preços continuarão a cair, apesar da decisão", disse o dirigente. "Existe
um excesso de oferta e todos
concordam com isso."
Mais que o corte da Opep pesou ontem a previsão da Agência Internacional de Energia,
que disse que a demanda global
cairá neste ano e em 2009.
Após atingir o seu pico em julho, de US$ 145,29 em Nova
York, o preço do barril já recuou 29,4%. Os investidores
em índices de commodities,
acusados de serem os responsáveis pelos preços recordes,
venderam o equivalente a US$
39 bilhões em contratos futuros do produto entre 11 de julho
e o dia 2 deste mês, segundo relatório divulgado ontem.
O estudo do fundo de hedge
Masters Capital Management
responsabiliza os investidores
que compram e detêm índices
de commodities pela elevação
dos preços a níveis recordes e
por sua queda subseqüente.
"Não acredito que tenha sido
apenas coincidência que o dinheiro saiu depois que se fez
pressão sobre esses operadores", disse Michael Masters,
presidente do fundo.
Com agências internacionais
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