São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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análise

Investimento no pré-sal pode reduzir ganho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O crescimento de quase 30% no lucro da Petrobras no segundo trimestre foi causado principalmente pelo reajuste no preço dos derivados de petróleo, na avaliação de especialistas.
O lucro da empresa, no entanto, não deve continuar subindo nesse ritmo por conta dos pesados investimentos que deverão ser feitos para retirada de óleo da camada pré-sal.
"Sem dúvida é um resultado ótimo e pode ser atribuído ao reajuste. Mas não pode ser visto como tendência", disse David Zylbersztajn, da DZ Negócios com Energia. Segundo ele, os investimentos altos que a estatal deverá fazer para conseguir extrair petróleo na camada pré-sal deverão reduzir a taxa de crescimento.
Para o pesquisador Giuseppe Bacoccoli, da Coppe/UFRJ, o bom resultado será fundamental para esses investimentos. "Havia muito tempo a Petrobras não reajustava o preço dos derivados. Essa deve ter sido a principal causa do resultado, além do aumento da produção", disse.
Em maio deste ano, depois de mais de dois anos de "congelamento", a Petrobras aumentou nas refinarias a gasolina em 10%, e o diesel, em 15%.
Antes do aumento de maio, o último reajuste da estatal havia sido em setembro de 2005. Naquela ocasião, o barril de petróleo estava perto de US$ 60. Hoje, já ultrapassou há muito os US$ 100.
O campo de Tupi, única área do pré-sal até agora cujas reservas foram dimensionadas, tem reservas estimadas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.
Os pesquisadores, porém, ressaltam que há custos elevados na exploração desse petróleo. O óleo do pré-sal está abaixo de uma camada de sal que fica no fundo do oceano. Em grande profundidade, com temperatura e pressão elevada, o sal se comporta mais ou menos com um plástico. Com isso, tende a fluir em direção ao poço e fechá-lo. Essa característica torna a exploração no pré-sal um empreendimento caro.
A Petrobras tem intenção de começar a retirar óleo de Tupi no ano que vem. A produção plena deve ficar para o fim de 2010, com estimativa de 100 mil barris por dia.


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