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Máquinas avançam e campo tende a ficar com menos empregados
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ACREÚNA (GO)
A mecanização do campo é um
fator natural e irrefreável e o desemprego gerado por ela uma
conseqüência da modernização
da agricultura, na opinião de agricultores e da UDR (União Democrática Ruralista).
Para pesquisadores e para a
CPT (Comissão Pastoral da Terra), entidade que defende a reforma agrária nos moldes da agricultura familiar, o desemprego e a
concentração de renda propiciada pela mecanização devem ser
combatidos.
Segundo o pesquisador Philip
Fearnside, da Coordenação de
Pesquisas em Ecologia do Inpa
(Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia), a soja, o algodão e
a cana, devido ao alto grau de mecanização de suas produções, geram, em média, apenas um emprego para cada 200 hectares.
"Os poucos empregos gerados
são de técnicos ou de operadores
de máquinas. Os demais trabalhadores recebem salários aviltados e
trabalham, muitas vezes, em condições degradantes", diz o secretário nacional da CPT, Antônio
Canuto.
De acordo com Bernardo Mançano, do Nera (Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária), da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo),
a própria palavra agronegócio é
"uma construção ideológica para
tentar mudar a imagem latifundista da agricultura capitalista".
Segundo ele, a cana e o feijão desempregam 400 pessoas para cada vaga criada com a mecanização. Em média, as culturas do
agronegócio fecham 11 vagas para
cada trabalhador contratado.
Para Mançano, os cálculos apresentados para justificar que o
agronegócio é a grande força das
exportações brasileiros estão
equivocados. "Pelo menos 50%
da produção agrícola e pecuária é
da policultura de pequenas propriedades familiares que são
apropriadas pelo agronegócio."
"O agronegócio cresceu tanto
que virou uma coisa sacralizada.
Quando se analisa, nos censos
agropecuários de 1995 e 1996, a
produção de propriedades que
têm apenas mão-de-obra familiar
ou um ou dois empregados no
máximo, se vê que elas são responsáveis por metade da produção agrícola brasileira. Mas, com
o mito de que o agronegócio é o
grande produtor, ele fica com
90% das verbas de financiamento
da agricultura", disse Mançano.
Segundo a Agência Rural de
Goiás, ligada à Secretaria da Agricultura do Estado, a mecanização
da lavoura de algodão cria um
emprego para cada 60 funcionários dispensados que trabalhavam manualmente na produção.
A deputada estadual Isaura Lemos (PDT-GO) explica que esses
novos empregos não são preenchidos totalmente por empregados antigos das fazendas. "Como
a operação desse maquinário exige conhecimentos específicos,
trabalhadores com esse preparo
foram "importados" para trabalhar nas fazendas mecanizadas."
O presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia, diz que, ao
analisar o agronegócio como um
sistema inteiro, nota-se que ele é
gerador de empregos. Segundo
ele, são gerados empregos em outros pontos da cadeia econômica,
como nas indústrias de processamento das produções nas cidades
e no complexo exportador.
Para ele, a mão-de-obra no
campo está vivendo suas últimas
safras. "O agronegócio não pode
ficar para trás. É natural que ele se
modernize para competir lá fora."
Os ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Trabalho, que
não quiseram comentar a substituição do trabalho no campo, não
têm dados atualizados sobre o desemprego rural. O último censo
agropecuário é de 1996. Estudos
para a realização de um novo censo estão sendo concluídos. (TO)
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