|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA DOS SEXOS
A partir de terça, campanha do produto chega à TV inglesa com o slogan "Yorkie, não é para mulheres"
Chocolate só para "eles" causa rixa sexista
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um chocolate só para homens.
Proibido para as mulheres. Afinal,
"elas" ocuparam tantos espaços
nas últimas décadas que é preciso
que "eles" recuperem o posto. Começando pelo chocolate.
Pensando dessa forma, a Nestlé
acaba de colocar nas ruas da Inglaterra uma bem-humorada
campanha -para alguns, sexista
demais- da marca Yorkie com o
slogan: "Yorkie, it's not for girls"
(Yorkie, não é para mulheres").
A frase tem direito inclusive a
um símbolo: a imagem de uma
mulher "cortada" ao meio, seguindo a linha do "É proibido fumar" usado em locais públicos
(veja a reprodução nesta página).
Logo em seguida aparece um
dos slogans da campanha: "Save
your money for driving lessons,
not yorkies" - algo como "Guarde seu dinheiro para a auto-escola, não para os yorkies".
A ação de marketing -que relançou o produto neste mês- inclui veiculação da nova campanha na terça-feira, na TV inglesa,
e gerou irritação e aplausos. Foi
criada pela J.W.Thompson.
Na internet (entrar no site
www.dooyoo.co.uk e pesquisar
com a palavra yorkie) é possível
ver a reação dos ingleses -que,
segundo recentes pesquisas, preferem chocolate a sexo- em relação à campanha do grupo.
"Sentimos que os homens precisam recuperar algumas coisas
em suas vidas e um jeito para começar é ter um chocolate só para
eles", diz Andrew Harrison, diretor de marketing da Nestlé na Inglaterra, o terceiro maior país
consumidor de chocolates no
mundo (quando se conta o consumo por pessoa).
O produto custa em supermercados americanos, em média,
US$ 1,60 a barra (pouco mais de
R$ 5,10 -meio amargo para paladares brasileiros).
"Não disponível em rosa"
Para deixar clara a estratégia,
não faltam slogans. A agência
criou outros como "Not available
in pink" (Não disponível em rosa)
e "Don't feed the birds" (Não alimente os pássaros).
O produto não deve ser comercializado no Brasil.
A possibilidade de importação,
por exemplo, poderia encarecer a
venda -devido à elevação na cotação do dólar em 2002-e a possibilidade fabricação no país está
afastada.
Se, em parte, gerou reações irônicas, a campanha foi alvo de críticas pesadas. "Eles já comem demais. A BBC informa que 1 de cada 200 comedores sofre distúrbios do sono porque come chocolates demais. E os homens são os
mais atingidos, não as mulheres",
afirma Nancy Ruddigan, advogada, em uma das páginas que reúnem comentários sobre o tema na
internet.
A questão é polêmica porque
entra no terreno do "antimarketing". Nessas ações, a marca centra o foco num público e "despreza" outro para criar afinidade
com o seu principal consumidor.
Anos atrás, o comercial da marca mostrava um motorista de caminhão, com jeito rude, comendo
a barra de chocolate.
Foi por isso que os supermercados chegaram a boicotar o produto naquela época. A venda foi cancelada em lojas em cidades como
Birmingham e Liverpool por ser
muito sexista.
O fabricante reforça que, na
prática, a venda é liberada para
todos os consumidores que quiserem comprar a mercadoria.
Texto Anterior: No RS, governo e empresários se unem para financiar pequenos Próximo Texto: Banco utiliza "barbeira" para vender seguro Índice
|